Rio Negro alcança cota de inundação severa e já atinge comércio no Centro de Manaus
10 de maio de 2022
Crescendo 4 centímetros por dia desde o começo do mês de maio, a cota atual é de 29,12m (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – Após atingir cota severa de inundação, as águas do Rio Negro continuam avançando e já ocupam as ruas do Centro de Manaus. Crescendo, em média, 4 centímetros por dia desde o começo do mês de maio, a cota atual é de 29,12m, de acordo com dados do Porto de Manaus.
No ano passado, em 10 de maio, o nível do rio registrava 29,47m, uma diferença de 35cm para o mesmo dia de 2022. O ano de 2021 registrou a cheia histórica de 30,02m e causa prejuízo para vários permissionários do Centro de Manaus.
Manaus atinge cota de inundação severa. Foto: Reprodução/CPRM
O comerciante Douglas Coelho de Souza, 40, um dos afetados, diretamente, pela cheia dos rios, trabalha na Rua dos Barés há 10 anos. O comerciante de frutas conta que no ano passado, nessa mesma data, o rio já havia tomado completamente o comércio onde ele trabalha.
“Eu tive um prejuízo de 40 mil, ano passado, devido à alagação, porque não tinha como vender mercadoria. Eu dependo dos carros passarem aqui nessa rua para vender”, explicou.
Equipes da Defesa Civil de Manaus estiveram no local, na manhã desta terça-feira, 10. À CENARIUM, o secretário de Defesa Civil, coronel Fernando Paiva Pires Júnior, confirmou a construção de 200 metros de pontes na Rua dos Barés. Por outro lado, a interdição da via segue sem previsão. “Durante a noite, muitas mercadorias são descarregadas aqui, não temos como interditar ainda”, explica.
Comerciantes da Rua dos Barés começam a ser afetados pela cheia (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
Famílias afetadas
Os impactos da cheia do Rio Negro já afetam o cotidiano da população, que se vê pressionada a recorrer por ajuda aos órgãos públicos. Em todo o Amazonas, o governo prevê que 385 mil pessoas sofram alguma consequência com a subida das águas.
Na zona urbana da capital, o bairro Educandos é um dos que mais sofre com as adversidades do fenômeno das cheias. Na região, além da enchente, os moradores precisam transitar entre estruturas de madeiras montadas de relance, pelas autoridades, entre uma casa e outra, e com o surgimento de animais peçonhentos, como cobras e jacarés.
Cheia no bairro Educandos (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
O Instituto Nacional de Meteorologia e Estatística (INMET) divulgou dados sobre as chuvas em Manaus. A princípio, o Instituto explica que a influência do fenômeno La Niña é o responsável por ter aumentado a média de chuva na capital.
O total de chuva acumulado em fevereiro de 2021, na Estação Meteorológica Convencional de Manaus (AM), foi de 305,0mm, enquanto que em fevereiro de 2022 foi de 315,8mm. Em ambos os anos, as chuvas ficaram acima da média histórica, que corresponde a 296,8mm.
Por outro lado, o Instituto explica que a presença do fenômeno já possui menor intensidade se comparado ao ano inicial. Março de 2021 foi mais chuvoso que em relação a março de 2022, com um total de chuva de 588,9mm, além de ser considerado o segundo março mais chuvoso desde o ano de 1968.
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