Rio Negro baixa e indica vazante após oito dias de estabilidade em Manaus

Entorno do Mercado Municipal Adolpho Lisboa sofre com impacto da cheia do Rio Negro (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS –  O nível do rio Negro baixou um centímetro após oito dias consecutivos de estabilidade em Manaus. Desde o dia 5 de junho, o rio que banha a capital amazonense permanecia com o nível em 30 metros, a maior cota histórica nos últimos 119 anos, quando começou a medição. Agora, o Negro se encontra com 29,99 metros.

O rio se igualou à cheia recorde de 2012 no dia 30 de maio deste ano, ao chegar à marca de 29,97 metros. No dia 1º de junho, o rio subiu um centímetro e atingiu 29,98 metros. Três dias depois, o rio apresentou um novo aumento e chegou aos 29,99 metros.

Mesmo com a estagnação, os efeitos da cheia ainda são sentidos em Manaus, onde mais de 24 mil pessoas em 15 bairros estão sofrendo com os impactos da subida do rio. Já em todo o Amazonas, segundo dados da Defesa Civil do Estado, 58 dos 62 municípios estão alagados, e 414.371 pessoas estão afetadas.

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Estabilização

A vazante do rio neste período já havia sido prevista pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). No último dia 31 de maio, a pesquisadora Luna Gripp afirmou que a tendência era de estabilização e tudo indicava que os amazonenses já estavam “passando por um processo de finalização de enchentes”.

“Provavelmente, em termos de efeitos, a inundação que observaremos este ano é isso que já estamos vendo. Agora, é preciso destacar que, mesmo que o nível comece a baixar nos próximos dias, os impactos não vão cessar de um dia para o outro. Ainda demorará várias semanas, pois, no primeiro momento, a velocidade [da vazão] será lenta”, acrescentou Luana à época, destacando que, como o período de chuvas ainda se estenderá por mais alguns meses, imprevistos podem ocorrer.

Chuva, fenômeno La Ninã

Os recordes atingidos neste ano foram decorrentes da forte onda de chuva nas bacias dos rios no Amazonas, segundo especialistas em clima e meteorologia. O fenômeno La Ninã também contribuiu, por conta de ele ser o responsável por resfriar as águas do Oceano Pacífico e fazer com que a zona de formação de nuvens seja empurrada para áreas mais ao norte da região amazônica, onde se concentra o fluxo de umidade.

No mês de maio, conforme o meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Renato Cruz Senna, o evento climático La Ninã terminou e o Oceano Atlântico entrou numa condição de normalidade, fazendo com que haja redução de chuvas.

“A água já começa a aparecer mais fria no Atlântico e, nos próximos meses, a condição de normalidade deve prevalecer no Pacífico. Entretanto, o fim do fenômeno La Niña não significa o imediato retorno ao volume normal [para o período] de chuvas. Isso ainda leva um pouco de tempo”, esclareceu Senna.

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