Rio Negro terá cheia média de 28,49 metros em Manaus

Pesquisadores indicam que o rio nos próximos dias comece abaixar, já que igualou a cheia recorde de 2012.

Da Redação

A cheia do Rio Negro, na região de Manaus, deve atingir este ano 28,49 metros, em média, cota considerada dentro dos limites normais e não provocados.  De acordo com o pesquisador e doutor em ciências florestais Jochen Schöartart, explica que o pico da região é definido em junho.

 O valor previsto no modelo aperfeiçoado em 2012 tem uma margem de erro de 30 centímetros para cima ou para baixo, com uma cota máxima em 2020, podendo variar de 28,19 ma 28,79 m. Com isso, o valor do nível máximo de água fica abaixo da faixa de emergência do Rio Negro, que é de 29 metros.

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“A cheia deste ano pode ser considerada dentro do desvio padrão da média dos níveis máximos mínimos (27,90 ± 1,15 metros) com base na série de dados históricos disponíveis para o Porto de Manaus desde 1903”, explicou Schöngart.

Segundo ou pesquisador, apesar de não ser considerado o maior impacto socioeconômico na região urbana e nas zonas rurais, numa extensão aproximada de 100 milhas abaixo e acima de Manaus. “Recomendamos, no entanto, considerar o monitoramento de enchentes e executar pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) nos próximos meses”, destacou.

A previsão de Schöngart é publicada três meses antes do pico de enchimento para as autoridades e as estatísticas que podem ser preparadas. Com uma cota prevista para este ano, nenhum momento é necessário para os órgãos responsáveis.

Preocupações superadas

Uma evolução do preenchimento até o fim de janeiro deste ano foi preocupante, segundo Schöngart. Na ocasião, o Rio Negro alcançou um dos níveis mais altos de água registrados para esse período (24,55 m). Somente nos anos de 1923, 1994 e 2009, o nível de água no fim de janeiro foi mais alto em comparação com este ano. “Porém, durante o mês de fevereiro ou o nível da água no Rio Negro, essas condições estão disponíveis e o nível da água no início de fevereiro (24,56 m) corresponde a uma cota registrada no início de março (24,55 m) com pequenas descidas e subidas, ou fenômeno popularmente conhecido como repiquete ”, explicou.

Influências


De acordo com o pesquisador Jochen Schöngart, os oceanos Atlântico Tropical e Pacífico Equatorial têm forte influência nos regimes pluviométricos e ciclos hidrológicos da região. O esfriamento das águas superficiais da região centro-leste do Pacífico Equatorial, conhecido como La Niña, resulta em aumento de luvas na região central, norte e leste da Bacia Amazônica, com potencial de evolução de grandes quantidades.

“Um aquecimento da superfície das águas do Atlântico Tropical resulta em uma evaporação da água e a água é importada pelos ventos alísios na Bacia Amazônica seca como luvas”, contou. “Neste ano, o Pacífico Equatorial apresenta condições neutras e o Atlântico Tropical, um pouco de aquecimento das águas superficiais, principalmente no hemisfério norte, mas sem os registros de luvas na Bacia Amazônica”, completou.      

Cheias severas com menos frequência

Nos próximos anos, as cheias severas possivelmente devem ocorrer com menos frequência e magnitude em comparação com a última década, quando a cota de emergência foi alcançada ou ultrapassada nos anos de 2012, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2019 causando significativos impactos socioeconômicos nas zonas urbanas e rurais da região. O severo aumento na frequência e magnitude de cheias foi explicado pelo aquecimento do Atlântico Tropical e esfriamento do Pacífico Equatorial Leste durante os últimos 20 a 25 anos, resultando numa intensificação da Célula de Walker que é uma ponte atmosférica entre o Pacífico e Atlântico resultando em mais convecção de nuvens e aumento de chuvas na Bacia Amazônica.

“Essas tendências são associadas com oscilações de baixa frequência nos oceanos, conhecidas como a Oscilação Interdecadal do Pacífico (OIP) e a Oscilação Multidecadal do Atlântico (OMA) que estavam nas últimas duas décadas em fases frias e quentes, respectivamente”, explicou Schöngart. “Porém, enquanto a OMA continua na sua fase quente, a OIP mudou durante os últimos anos para uma fase quente também. Com isso, cheias severas possivelmente serão menos frequentes nos próximos anos”, completou.

A hipótese será pesquisada no âmbito do programa Climate Science for Service Partnership (CSSP-Brazil), realizado entre instituições do Brasil e o do Reino Unido, incluindo o Inpa. O programa busca entender melhor as interações entre a Amazônia e o clima global, com foco no desenvolvimento de modelos climáticos.

O CSSP-Brasil é uma cooperação científica que envolve ainda o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pelo lado brasileiro (MCTIC), e o Met-Office e outras organizações de pesquisa , no Reino Unido.

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