Rios do Pará têm dois acidentes com óleo em 15 dias


Por: Fabyo Cruz

08 de maio de 2025
Rios do Pará têm dois acidentes com óleo em 15 dias
Embarcações ocasionaram vazamento de óleo (Reprodução/Redes Sociais)

BELÉM (PA) – Dois vazamentos de óleo registrados no Pará, em menos de 15 dias, acenderam o alerta sobre os riscos ambientais e sociais da atividade portuária e pesqueira no Estado. O caso mais recente ocorreu na última segunda, 6, no Rio Caeté, em Bragança, no nordeste paraense, após o tombamento de uma embarcação pesqueira carregada com cerca de 20 mil litros de óleo diesel. O vazamento gerou preocupação entre a comunidade pesqueira local, que teme os impactos na principal fonte de sustento da região.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informou que investiga o caso. Equipes da força-tarefa montada no município atuam na área para conter o avanço do óleo, que, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bragança, se espalhou por aproximadamente 10 quilômetros a partir do ponto do tombamento.

O acidente ocorreu em um trapiche particular, no momento em que a embarcação era abastecida com gelo antes de partir para mais uma jornada de pesca. Apesar de ninguém ter se ferido, o vazamento mobilizou uma operação envolvendo a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Marinha do Brasil (Capitania dos Portos), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e as secretarias municipais de Meio Ambiente (Semma) e Pesca (Semap).

Segundo a Prefeitura de Bragança, foi instaurado um Gabinete de Crise para monitorar a situação e implementar ações emergenciais de contenção e mitigação dos danos. A empresa responsável pelo barco deve ser multada e responsabilizada pelos impactos ambientais.

Ilha de Caratateua

O episódio em Bragança acontece poucos dias após outro vazamento de óleo atingir comunidades ribeirinhas na ilha de Caratateua, em Outeiro, distrito de Belém, no dia 22 de abril. No local, denúncias apontam que o petróleo foi derramado por um navio atracado no Terminal Portuário de Outeiro, estrutura que deve receber navios de cruzeiro durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro deste ano na capital paraense.

Moradores registraram em vídeos e fotos o impacto direto sobre o modo de vida local. Armadilhas de pesca artesanal, como os tradicionais matapis — feitos com fibras da palmeira Jupati e usados na captura de camarões — foram encontrados cobertos por petróleo. Os relatos incluem perda de equipamentos e a contaminação de áreas tradicionalmente usadas para pesca.

Matapi coberto por petróleo (Reprodução/Arquivo pessoal)

Ambientalistas e pescadores denunciam prejuízos à pesca e ao ecossistema local e cobram respostas mais rápidas das autoridades. O caso também levanta questionamentos sobre a preparação da cidade para sediar a COP30, especialmente no que diz respeito ao controle ambiental das operações portuárias.

As investigações sobre os dois episódios continuam em andamento, e as autoridades prometem responsabilização das empresas envolvidas. Enquanto isso, ribeirinhos e pescadores esperam que as ações de contenção sejam suficientes para evitar danos ainda maiores.

Leia mais: Moradores denunciam vazamento de óleo em ilha de Belém
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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