Início » Diversidade » RO é o Estado com a maior população LGBTQIA+, revela IBGE; mas ainda impera a ‘naturalização do preconceito’, diz especialista
RO é o Estado com a maior população LGBTQIA+, revela IBGE; mas ainda impera a ‘naturalização do preconceito’, diz especialista
Apesar do 'avanço', o País ainda precisa melhorar em respeito e políticas públicas, visto que é um dos primeiros do mundo em LGBTFobia e, há 13 anos, o que mais mata pessoas trans e travesti no planeta, segundo dados da Transgender Europe (Foto: Reprodução)
Compartilhe:
25 de maio de 2022
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mapeou a população fora do ‘padrão heteronormativo’ em território nacional. Apesar de toda a diversidade da sigla LGBTQIA+, o questionário respondido, majoritariamente, por pessoas de 18 a 29 anos, dava como opções específicas apenas duas orientações sexuais, além da hétero: a homossexualidade e a bissexualidade. O resultado apontou que, de todos os Estados brasileiros, Rondônia é o que mais tem pessoas gays ou bissexuais autodeclaradas.
A pesquisa foi feita em 2019, por meio de visitas domiciliares. Mesmo com este ‘avanço’, o próprio instituto reconhece que os dados podem estar defasados, justamente porque ainda existe muito preconceito no Brasil.
“Eu acredito que para o País avançar no combate à LGBTFobia, transfobia e à homofobia, é preciso conhecimento, pois a situação só está da forma como está, por conta da naturalização do preconceito”, avaliou a cineasta e especialista em Gênero e Diversidade na Escola, Allyne da Silva Teixeira, em entrevista à REVISTA CENARIUM.
PUBLICIDADE
A pesquisa
Em Rondônia, 91,2% dos cidadãos, ou seja, algo em torno de 9 em cada 10, de quase 2 milhões de habitantes, se consideram heterossexuais, portanto, pelo menos 24 mil rondonienses fazem parte do grupo LGBTQIA+, sendo a maior proporção em relação a outros Estados.
Já no recorte sobre as capitais brasileiras, Porto Velho apresentou 374 mil respostas. Entre elas, 8 mil eram de pessoas gays, lésbicas ou bissexuais. Parte dos entrevistados disse não saber a própria orientação sexual e, ainda, outra parcela, se absteve da pesquisa.
Em todo o País, quase 3 milhões de homens e mulheres responderam ser, assumidamente, gays ou bi.
Barreiras educacionais (e aquisitivas)
Outro indicador interessante está atrelado à renda e ao grau de instrução da população: quanto mais alto o salário e escolaridade, maior a autodeclaração como pessoa LGBTQIA+. “No grupo de pessoas com nível superior, 3,2% se declararam homossexual ou bissexual, percentual significativamente maior do que os sem instrução ou com nível fundamental incompleto (0,5%)”, apontou o estudo.
A coordenadora da pesquisa do IBGE, Maria Lucia Vieira, observa que este indicador “sugere que as pessoas com mais nível de instrução e renda têm menos barreiras para declarar sua orientação sexual ou ainda maior entendimento dos termos usados”. “A proporção que disseram não saber ou recusaram a responder foi maior entre aquelas com menor nível de instrução e rendimento”, acrescentou a coordenadora.
Sendo assim, o número de pessoas que não quis responder foi maior que o total das que se declararam homossexuais e bissexuais: 3,6 milhões.
Para que serve a pesquisa?
Vieira ressalta que o estudo não visa apenas identificar a orientação sexual da população brasileira, mas sim, entender melhor o perfil e comportamento dessas pessoas, cruzando informações fundamentais a qualquer parcela dos cidadãos, a fim de promover igualdade.
“Essa pergunta foi inserida na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), coletada em 2019, com o próprio morador. Isso permite avaliar não apenas o total de pessoas que se identificou como homossexual ou bissexual, mas também realizar estudos relacionando a orientação sexual com as suas características de trabalho, saúde e violência”, ponderou a coordenadora da pesquisa.
“Esses resultados representam um importante primeiro passo para dar visibilidade estatística para esta população em âmbito nacional”, finalizou a especialista.
Caminho a seguir
Por outro lado, o País ainda precisa avançar em respeito e políticas públicas, visto que é um dos primeiros do mundo em LGBTFobia e, há 13 anos, o que mais mata pessoas trans e travesti no planeta, segundo os dados da Transgender Europe, organização que faz monitoramento global sobre dados da população LGBTQIA+.
“Para combatermos isso, precisamos de efetividade nas leis contra a homofobia, além de conhecimento e consciência, nas escolas, por meio do debate. Só assim, por meio da informação, é que vamos promover sensibilidade e consciência”, ressaltou, por fim, a especialista em Gênero e Diversidade, Allyne Teixeira.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.