Roger Machado, técnico do Bahia, pretende publicar 50 livros de autores negros e indígenas

Menos de 10% dos livros publicados no Brasil são de autores não brancos (Reprodução/Internet)

Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os livros da coleção Diálogos da Diáspora, serão lançados a preços acessíveis, com o objetivo de chegar ao público de baixa renda e o financiamento será realizado por meio do projeto Canela Preta, que é comandado pelo treinador do Bahia, Roger Machado, uma das vozes mais importantes do movimento negro, no futebol brasileiro.

A ideia, segundo Roger, é promover a bandeira da negritude e a luta antirracista para além do esporte. O treinador faz parte do projeto Canela Preta e pretende lançar 50 livros de autores negros e indígenas nos próximos cinco anos e, posteriormente, tornar-se uma editora no futuro. A informação foi divulgada pelo próprio treinador, nesta quarta-feira, 18, nas redes sociais do atleta. 

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Roger Machado, técnico do Bahia é ativista e um dos principais defensores das causas raciais (Reprodução/Internet)

De acordo com o treinador, quando as filhas dele eram pequenas, ele procurava livros de literatura infantojuvenil com autores e personagens negros, porém, era difícil de achá-los. “Essa inquietação cresceu quando li o livro da Chimamanda Adichie que fala do perigo da história única, como é prejudicial o País quando a história é contada só por um lado, o lado que detém os meios da produção do conhecimento”, afirma Roger.

A editora fará uma curadoria para escolher pelos próximos cinco anos os 10 livros que serão lançados. A escolha desses livros vai atender critérios como diversidade de temas, áreas de conhecimento, de gênero de autores e autoras de várias regiões do Brasil. Ainda este ano de 2020 serão lançados dez livros. 

Roger Machado é uma das principais vozes do movimento negro, no futebol brasileiro, quer agora, promover a luta antirracista para além do esporte.   

Para o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa Egbé, Tadeu de Paula, essa inquietação também é presente na Academia. 

“Menos de 10% dos livros publicados no Brasil são de autores não brancos e isso é um reflexo da exclusão no espaço literário e acadêmico. Com a chegada de mais negros à universidade, fruto das cotas socioraciais, a gente está tendo maior produção sobre racismo, lutas contra desigualdade social, e a gente entendeu que era importante ter um fomento de produção editorial desse espaço”, disse.

As publicações serão impressas e divulgadas pela Hucitec Editora e vão englobar gêneros e temas como: Antropologia, Sociologia, Psicologia, Urbanismo, Direito, Filosofia, Letras, Pedagogia, Comunicação, Arte, etc. Além de literatura e ficção.

A partir do próximo ano, o projeto pretende abrir um edital para receber os livros. Neste momento, as publicações postulantes devem ser encaminhado à Hucitec Editora.

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