Rondônia é campeão em transformar florestas em pasto, mostra MapBiomas


Por: Ana Cláudia Leocádio

15 de setembro de 2025
Rondônia é campeão em transformar florestas em pasto, mostra MapBiomas
Gado criado no assentamento Burareiro, TI Uru-Eu-Wau-Wau (Reprodução/InfoAmazônia)

BRASÍLIA (DF) – Os dados sobre cobertura e uso da terra entre 1985 e 2024 na Amazônia, da Coleção 10 do MapBiomas, divulgados nesta segunda-feira, 15, mostram que o Estado de Rondônia é o campeão na conversão de florestas nativas em pasto, de 1985 a 2024, que passaram de 7% para 37% em 40 anos. O levantamento analisa os mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil, que mostrou ainda a supressão de quase 50 milhões de hectares de florestes no bioma amazônico, no período analisado.

Rondônia integra a AMACRO, acrónimo para as siglas dos Estados do Amazonas, Acre e Rondônia, que inclui alguns municípios destas três unidades da federação. A região foi definida, a partir de 2019, para promover o desenvolvimento econômico com foco na agropecuária, mas tem se transformado em vetor de desmatamento, segundo especialistas. A região ocupa 11% do bioma e desde 1985 perdeu 7 milhões de hectares da vegetação nativa.

Região da AMACRO (Reprodução/ResearchGate)

O MapBiomas mostra ainda que, em 40 anos, 14% da perda líquida de vegetação nativa da Amazônia ocorreram na região da AMACRO. No período, a área de pastagem aumentou 11 vezes na região, grande parte registrada na última década, suprimindo 2,7 milhões de hectares. Na primeira década analisada, esse volume foi de 700 mil hectares.

Conforme a Coleção 10, esse aumento da supressão da vegetação nativa coloca Rondônia também como o Estado da Amazônia com menor proporção de florestas primárias, 60% registrados em 2024. Em seguida, estão Mato Grosso (62%), Tocantins (65%) e Maranhão (67%).

Entre os Estados com maior proporção de vegetação nativa do bioma, o Amapá lidera com maior área preservada (95%), Roraima (94%), Amazonas (93%), Acre (85%) e Pará (75%).

O desmatamento consolidado para o uso de pastagem ao final da série analiada pelo MapBiomas, é a mudança de uso da terra mais comum na Amazônia, chegando a 45,1 milhões de hectares. Além de Rondônia e Mato Grosso, o Pará também concentra novas áreas de agricultura implantadas em áreas desmatadas para pastagem, que totalizam pouco mais de 9%.

Desmatamento na Amazônia (Juan Doblas/Ipam)

O MapBiomas traz um dado que já havia sido divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ao analisar os dados de maio do Deter, sistema diário de monitoramento do desmatamento, que apontou, pela primeira vez, o avanço do desmatamento sobre as áreas nativas, principalmente por causa das queimadas registradas ano passado.

De acordo com os mapas divulgados, em 2024, 88% do desmatamento na Amazônia aconteceu em áreas de vegetação primária e apenas 12% foram em vegetação secundária, aquelas que já sofreram algum tipo de desmate anteriormente. Foram desmatados, ano passado, 1 milhão de hectares no bioma. O dado atual mostra que 2% de áreas secundárias, estavam em processo de regeneração.

Resultados gerais

Maior bioma do Brasil, a Amazônia ocupa 49,5% do território nacional. Em 2024, o bioma detinha 81,9% de vegetação nativa e 15,3% ocupados por uso antrópico, ou seja, resultado da ação humana, como agricultura e pecuária. Desde 1985, a área antrópica aumentou 471%, somando 57 milhões de florestas suprimidas para uso econômico.

A formação florestal foi o tipo de cobertura da terra que mais perdeu área em 40 anos, 49,3 milhões de hectares, que representaram perde de 15% de sua cobertura primária. Desde 1985, o uso da terra para pastagem cresceu 355% e atingiu 463,8 milhões de hectares, em 2024.

Em relação às áreas húmidas da Amazônia, 95% das áreas se mantiveram estáveis e 5% mudaram para outro uso. A maior parte, aponta o MapBiomas, foi convertida para pastagem (3,9%) e agricultura (0,7%).

Mobilização popular pede fim do desmatamento (Zé Gabriel/Greenpeace)

Ainda conforme o levantamento, 2003 foi o ano com mais desmatamento no bioma, que atingiu 3,2 milhões de hectares. Em seguida, veio 2010, com 0,9 milhão de hectares.

Em 40 anos, a agropecuária na Amazônia cresceu 415%. A pastagem aumentou em mais de 355% entre 1985 e 2024, passando de aproximadamente 12,3 milhões de hectares para 56,1 milhões/ha. Já a área de agricultura cresceu 44 vezes no período, quando expandiu de 180 mil há, em 1985, para 7,9 milhões/ha, em 2024, ou seja, crescimento de mais de 4.321%. A área dedicada à Silvicultura aumentou 110 vezes, saindo de 3,2 mil hectares (1985), para 352 mil, no ano passado.

Leia mais: Queimadas reduzem espécies e estoque de carbono na Amazônia e Cerrado
Editado por Adrisa De Góes

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