Rondoniense de 9 anos cria lives para ler livros como distração e incentivar a leitura

A pequena leitora Lívya Reateque, de Rondônia, mostra os três livros já lidos nas lives iniciadas em maio (Divulgação/ Arquivo de família)

Luciana Bezerra — Da Revista Cenarium 

MANAUS — O poeta, cronista e contista Carlos Drummond de Andrade estava certo quando disse que “na infância, a felicidade está numa caixa de bombons”, ou seja, na forma mais simples de viver. E foi nesta simplicidade e inocência de criança, que a pequena Lívya Vittoria Alves Reateque, 9 anos, de Porto Velho, Rondônia, resolveu usar as redes sociais da mãe para criar — durante o isolamento social —, um espaço de leitura, para incentivar crianças e adultos o hábito de ler.

Lívya Reateque durante a live de leitura criada durante o isolamento social (Divulgação/Arquivo familiar)

Com as aulas presenciais suspensas, em Porto Velho, desde março, em decorrência da pandemia de Coronavírus, a rotina da menina mudou radicalmente e ela, que amava andar de bicicleta pelas ruas do bairro onde mora, percebeu o tempo ocioso em casa, ao longo do confinamento. Foi quando sua mãe, Edinilce Alves, 36 anos, teve a ideia de adquirir livros e incentivar na filha a prática da leitura, além de poder viver novas experiências por meio das fábulas infantis.   

PUBLICIDADE

Na terça-feira, 15, a pequena Lívya falou com a REVISTA CENARIUM sobre seu novo passatempo favorito, as lives de leitura, que são realizadas diariamente, por meio do Instagram de sua mãe, às 21h, horário de Porto Velho [22h horário de Brasília]. Na live, a menina se transforma, deixa a timidez de lado, abre a página do livro Fábulas, de Monteiro Lobato, que está lendo no momento e começa de forma divertida a ler, comentar cada parágrafo e interagir com os seguidores ao vivo. Além, de responder todas as perguntas e dúvidas dos seguidores antes do término da live.

De acordo com a pequena Lívya, as lives iniciaram em maio e ela já está finalizando o quarto livro, todos da coleção Monteiro Lobato. “A ideia de criar as lives foi minha mesmo. Quando eu terminava as minhas tarefas, não tinha mais nada para fazer. Como minha mãe havia comprado uns livros para ler comigo, pensei: quero ler esses livros de uma forma onde outras pessoas possam acompanhar também, aí surgiu a primeira live de leitura e não parei mais”, explica Lívya, com uma voz tímida, porém, radiante de tantas entrevistas que anda concedendo nas últimas semanas. 

Lívya, o irmão Artur e o mascote da família em um momento de descontração (Divulgação/ Arquivo de família)

A ‘famosa leitora’ de Rondônia sonha em ser médica pediatra, quando crescer, e como mensagem para ela mesma num futuro próximo diz: “quem lê, sabe mais, continue lendo, porque, mediante a leitura, a pessoa ganha mais conhecimento e confiança”.

Lívya afirma ainda que as histórias contadas nos livros são diferentes das retratadas nos filmes. Segundo ela, por meio dos livros podemos conhecer e entender melhor o que o autor quis expressar. Nos filmes, tudo é contado de forma diferente.  

Efeitos da leitura

Segundo Edinilce, os efeitos que os livros estão causando na vida da filha é notório. “A Lívya sempre foi muito tímida, quem a conhece, sabe, e a leitura diária tem ajudado a escrever e se expressar melhor. Além de expandir o vocabulário dela com novas palavras. Até a professora elogiou a desenvoltura dela, hoje, quando fui buscar o material de atividades dela, na escola. Isso, para uma mãe, não tem preço”, assinala orgulhosa.

A mãe de Lívya disse ainda que o novo hábito da filha motivou o pequeno Artur, 5 anos, irmão da menina, a também dar os primeiros passos da leitura. “Ele já diz que quer ser leitor nas lives da irmã [risos]. Agora, também está começando a aprender a juntar as palavras e frases. Estou radiante”, pontua.

Edinilce acompanha de perto os filhos nas redes sociais e limita o tempo que eles passam no mundo virtual (Divulgação/Arquivo Familiar)

O número de seguidores do Instagram de Edinilce duplicou, após o início das lives de leitura de Lívya. “Tudo isso é impressionante e partiu dela. Ela começou a mexer no meu celular, viu que tinha esse recurso e começou as lives. No início, tinha uma ou duas pessoas assistindo. Hoje, o meu número de seguidores dobrou e as pessoas estão acompanhando as leituras com ela, principalmente as crianças. Inclusive, dois amiguinhos dela já dividiram duas lives com ela. Como não sei lidar muito com tecnologia, as primeiras lives não foram gravadas. Agora, gravo todas e marco as editoras. Meu sonho é ganhar a coleção de Monteiro Lobato para eles, pois não tenho condições de comprá-la agora, porque estou desempregada”, esclarece.

Acompanhada de perto

Edinilce ressaltou que não pretende criar uma rede social para filha tão cedo. Segundo ela, a menina faz as lives da sua conta pessoal no Instagram. “O mundo está muito perigoso. Várias pessoas já disseram: por que você não cria uma conta só para ela? Mas, no momento, prefiro manter assim. Eu também acompanho todas as lives, do lado dela. Deito no chão e fico observando tudo. É importante os pais motivarem seus filhos, porém, é necessário estar sempre de olho em tudo que acontece em volta deles. As crianças são muito inocentes e muito vulneráveis e esse mundo virtual é inseguro e precisamos ter cuidado”, finaliza a mãe coruja. 

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.