Roraima: investigado comprou gado com dinheiro de garimpo, diz coordenador da PF
04 de setembro de 2024
Joselinda Lotas – Da Cenarium
BOA VISTA (RR) – O coordenador da operação da Polícia Federal (PF) que mirou os financiadores de garimpo ilegal em Roraima, delegado Michel Saliba, afirmou nessa terça-feira, 3, que as investigações conduzidas pela Superintendência da PF no Estado identificou “um ciclo completo” nas práticas de crimes ambientais e usurpação de bens da União. De acordo com a autoridade, um dos investigados no âmbito da ‘Operação Taureus Aureus’ comprou gados usando o dinheiro obtido a partir da extração ilegal de ouro no Território Indígena (TI) Yanomami.
A operação da PF nessa terça-feira, 3, resultou nas prisões de três pessoas – duas em Roraima e uma no Estado de Rondônia – durante as diligências autorizadas pelo poder judiciário. Além das prisões, as equipes também cumpriram 15 mandados de busca e apreensão.
“Verificamos que nessa organização criminosa havia um ciclo completo de garimpo, desde o fornecimento de materiais para o funcionamento do garimpo à compra e venda do minério extraído”, destacou Saliba.
Delegados da PF durante coletiva de imprensa (Joselinda Lotas/CENARIUM)
Os agentes federais também confiscaram mais de R$ 60 mil em dinheiro, quatro carros, cinco armas, além de joias. A Justiça também expediu mandados de bloqueio de R$ 834 mil e o confisco de uma fazenda. A localização da fazenda é no interior do Estado, tem acesso pelo rio Mucajaí e servia como suporte à logística do garimpo ilegal.
“A polícia já tem conhecimento de vários alvos, não apenas por garimpo ilegal. No caso dessa operação de Boa Vista, 95% dos investigados já tinham sido presos, inclusive por crime ambiental, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma”, disse.
Segundo o delegado, as ordens foram executadas em Boa Vista, no interior de Roraima e no Estado de Rondônia, onde um dos financiadores do garimpo ilegal residia. Saliba disse também que não foi possível realizar um levantamento completo sobre a movimentação de dinheiro da organização criminosa investigada, porque a operação ainda está em andamento. No entanto, enfatizou que os valores até agora apurados são consideráveis, como uma fazenda e uma máquina no valor de R$ 400 milhões.
“A polícia já tem conhecimento de vários alvos, não apenas por garimpo ilegal. No caso da operação de Boa Vista de hoje, 95% dos investigados já tinham sido presos, inclusive por crime ambiental, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma”, afirmou.
Atuação da PF
A Operação Taurus Aureus é uma continuação da Operação Libertação, uma ação permanente que começou em fevereiro de 2023 com o objetivo de controlar o garimpo ilegal, expulsar os invasores da TI Yanomami e reduzir o lucro do garimpo.
O delegado da PF, Caio Luchini, informou que 23 operações especiais foram realizadas no contexto da Libertação, resultando em 159 mandados de prisão e 33 mandados de prisão preventiva.
“A PF atua em duas frentes principais. Primeiro, realiza operações ostensivas nas áreas de garimpo, onde o maquinário apreendido é destruído e os envolvidos são autuados em flagrante. Além disso, a PF desempenha um papel de Polícia Judiciária, conduzindo investigações que frequentemente levam ao cumprimento de mandados, bem como ao sequestro de bens e valores”, destacou.
Já o chefe da delegacia de Meio Ambiente da PF em Roraima, Pedro Duarte, comunicou que a atividade garimpeira está enfraquecida, o que contribuiu para uma redução de 46% no desmatamento na TI Yanomami, em comparação a 2022. Ele também destacou uma diminuição de 50% em relação ao primeiro semestre de 2023.
“Identificamos uma redução de 92% nos alertas de garimpo neste ano, comparado a 2022, e uma diminuição de 78% em relação a 2023. Esses números são expressivos e têm um impacto significativo no combate a essas atividades. A diminuição também tem dificultado a identificação de atividades de garimpo na área para realizar operações. Esse progresso é fundamental para a proteção do meio ambiente”, explicou.
Os próximos passos da investigação incluem a análise do material apreendido para obter mais provas e informações. O objetivo é elaborar relatórios detalhados dos inquéritos e enviá-los ao Ministério Público Federal (MPF) para que os envolvidos possam responder pelos crimes investigados.
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