Ruralistas marcam churrascos no Bradesco após vídeo contra carne
Banco tirou das redes material com dicas para consumidor tomar atitudes sustentáveis
(Reprodução)
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01 de janeiro de 2022
Com informações da Folhapress
CURITIBA — Entidades ligadas ao agronegócio estão marcando churrascos nas portas de agências do Bradesco na próxima segunda-feira, 3, em protesto contra um vídeo veiculado nas redes sociais na última semana, em que influenciadoras recomendam a redução do consumo de carne e associam a prática a um aplicativo do banco que calcula pegadas de carbono.
O vídeo, que o banco tirou das redes no último dia 23, dá dicas de como o consumidor pode tomar atitudes mais sustentáveis, para reduzir o seu impacto individual nas emissões de gases de efeito estufa. No material, as influenciadoras dizem que a primeira atitude que o consumidor pode tomar é diminuir o consumo de carne, optando por pratos vegetarianos uma vez por semana — movimento que ficou conhecido como ‘Segunda sem Carne’.
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“A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa, então, que tal se a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?”, diz uma delas.
O vídeo provocou críticas de parlamentares que defendem pautas do agronegócio, de empresários do setor e de entidades. O banco, então, divulgou, no dia 24, uma carta aberta ao agronegócio, em que procurou se desvincular do conteúdo e disse que tomaria ações administrativas internas severas por conta do ocorrido.
“Nos últimos dias lamentavelmente vimos uma posição descabida de influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina, associadas a nossa marca. Importante dizer que tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo da carne bovina”, diz a carta do banco.
Em protesto, sindicatos rurais lançaram um movimento que estão chamando de ‘Segunda com Carne’. O Sindicato Rural de Cuiabá (Sindicatc) marcou um churrasco na porta de uma agência do banco, no centro da capital de Mato Grosso. O protesto tem o apoio da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), da Nelore Mato Grosso e da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Segundo o Sindcatc, os modelos de produção da agropecuária brasileira utilizam práticas sustentáveis, pastagens produtivas e integrações para a criação de bovinos, que contribuem positivamente para a questão das emissões de carbono.
“Não podemos admitir ações que denigram o trabalho da pecuária brasileira (…) por isso não concordamos com a desinformação propagada pelo Bradesco”, diz o Sindcatc, por meio de nota. Já a Acrimat emitiu uma nota repudiando tanto o vídeo quanto a postura do banco, “que emitiu um comunicado se isentando de qualquer responsabilidade sobre o ocorrido e reiterando sua confiança e apoio ao setor”.
“Ocorre que o próprio Bradesco, em um dos seus aplicativos, também estimula a redução do consumo de proteína animal com a desculpa de se reduzir a emissão de carbono. Ora, se somos uma das cadeias mais importantes para a economia, como o próprio Bradesco atua com essas duas versões?”, questiona a entidade.
O Sindicato Rural de Araguaína (TO) também agendou um churrasco em protesto ao vídeo do banco para a próxima segunda-feira, 3, que irá ocorrer na porta da agência do banco no centro da cidade. “Segunda com carne bovina. Bradesco, respeite o pecuarista”, diz o anúncio.
Além dos protestos, empresas do setor dizem que estão deixando de ser clientes do banco. A Estância Bahia Leilões, do empresário Maurício Cardoso Tonhá, divulgou no Facebook que deixou de ter conta no Bradesco após a divulgação do material, que considerou um “ataque desnecessário que trabalha contra o setor.”
“Em respeito à pecuária brasileira e indignados com o ato de insanidade do Bradesco, que viola os nossos mais de 40 anos de relacionamento bancário, retiramos 100% de nossa movimentação financeira da instituição”, diz o empresário, em nota divulgada nas redes sociais.
Na quinta-feira, 30, o banco disse que não iria se pronunciar além da carta aberta divulgada na última semana. Procurada novamente nesta sexta-feira, 31, a instituição ainda não havia se pronunciado até a publicação deste texto.
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