Rússia acusa Ucrânia e Reino Unido de ataque com drones contra frota do Mar Negro na Crimeia
29 de outubro de 2022

Com informações do Estadão
MOSCOU – O Ministério da Defesa da Rússia acusou neste sábado, 29, a Ucrânia e a inteligência do Reino Unido de lançarem um ataque com drones contra a Frota do Mar Negro na Crimeia, a península ocupada pela Rússia que tem sido um palco-chave para a invasão da Ucrânia promovida pelo presidente Vladimir Putin. Um ataque anterior a uma ponte da Crimeia provocou uma resposta agressiva de Moscou em toda a Ucrânia.
Uma forte explosão foi ouvida nesta madrugada (horário local, noite do Brasil) sobre a baía de Sebastopol, a maior cidade da Crimeia e onde a frota russa do Mar Negro está sediada, de acordo com a agência de notícias estatal russa Tass. O governador da região, indicado pela Rússia, Mikhail Razvozhaev, disse em um post do Telegram que os navios da Frota do Mar Negro “repeliram” o ataque. Suas alegações de ataque e a resposta russa não puderam ser verificadas de forma independente, e ele não atribuiu culpa.
Mas o Ministério da Defesa da Rússia culpou “o regime de Kiev” dizendo, em comunicado, que os navios da Frota do Mar Negro eram o alvo e que pequenos danos foram sofridos por, pelo menos, um navio russo. Acrescentou que 16 drones estavam envolvidos e que “todos os alvos aéreos” foram destruídos. O ministério ainda disse que os navios alvos estavam envolvidos no acordo mediado pela ONU para permitir a exportação de grãos ucranianos. Não houve comentários imediatos de autoridades ucranianas.
:quality(80)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/5FWWY7GK4BELBCACZFOVFFCZ6U.jpg)
“A preparação deste ato terrorista e o treinamento dos militares do 73° centro de operações marítimas especiais da Ucrânia foram realizados por especialistas britânicos”, disse o Ministério da Defesa russo, acrescentando que um de seus navios, o Ivan Golubets, registrou danos menores. Este ataque de drones às instalações da frota russa do Mar Negro, na Crimeia, foi o mais intenso do conflito na Ucrânia, disse Mikhail Razvojayev.
O governador regional pediu à população que se abstenha de comentar e publicar vídeos nas redes sociais sobre o ataque, porque, segundo ele, essas informações podem ser úteis ao inimigo, isto é, a Ucrânia, para entender como está organizada a defesa da cidade.
A Crimeia, que está sob controle do Kremlin desde que Moscou anexou, ilegalmente, a península, em 2014, tem imensa importância simbólica para Putin. Uma explosão, no início deste mês, na ponte que liga a península à Rússia levou Putin a retaliar com ataques em massa, na Ucrânia, que mataram dezenas de pessoas e atingiram infraestruturas críticas.
Os líderes da Ucrânia mantêm uma política de ambiguidade oficial sobre ataques muito atrás das linhas de frente e não reivindicaram a responsabilidade por essa explosão, que ocorreu após uma série de ataques na península do Mar Negro durante os meses anteriores que interrompeu a sensação de segurança e distância da guerra na Crimeia.
O anúncio do novo ataque de drone, em Sebastopol, ocorre no momento em que as forças ucranianas realizam uma contraofensiva para retomar territórios no sul do País. Na quinta-feira, 27, o governador pró-russo Mikhail Razvozhayev informou que a usina termelétrica de Balaclava foi atingida por um ataque de drones que não deixou grandes danos à infraestrutura, nem vítimas.
Em agosto, ele denunciou também um ataque de drone contra a sede da frota russa, no Mar Negro, em Sebastopol, um incidente que não deixou feridos e foi o segundo em um mês. Em 31 de julho, um drone pousou no pátio do Estado-Maior da Frota, ferindo cinco funcionários e causando o cancelamento de todas as comemorações planejadas por ocasião do Dia da Frota Russa.