Rússia exige rendição de ucranianos em Mariupol; ataques voltam após uma semana de trégua

(Alexander Nemenov/AFP)

Com informações da Folhapress

​​KIEV – A Rússia deu um ultimato a soldados ucranianos para depor as armas neste domingo, 17, em Mariupol, no sudeste da Ucrânia. Moscou afirma que suas forças controlam quase completamente a cidade, no que seria sua maior conquista em quase dois meses de guerra.

Combatentes ucranianos, porém, permanecem na usina siderúrgica de Azovstal, situada nos arredores do mar de Azov, sem sinal de rendição. O primeiro-ministro Denis Shmihal disse à rede americana ABC que “Mariupol ainda não caiu”.

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Neste sábado, 16, o Ministério da Defesa da Rússia já havia afirmado que iria poupar a vida das forças ucranianas que baixassem as armas.

“Todos que depuserem suas armas têm a garantia de que suas vidas serão poupadas”, disse o Ministério da Rússia, neste domingo, mencionando um prazo de quatro horas para ucranianos deixarem a fábrica sem armas ou munição.

O porto de Mariupol, o principal do mar de Azov, está em disputa há semanas, levando a cidade de 400 mil habitantes ao caos humanitário.

Tendo falhado em superar a resistência ucraniana no norte do País, os militares russos redirecionaram sua ofensiva terrestre em direção à região de Donbass, ao leste da Ucrânia, mantendo ataques de longa distância em outras partes do País, incluindo a capital Kiev.

Lamentando uma “Páscoa de Guerra”, durante um discurso na praça de São Pedro, o Papa Francisco pediu o fim do derramamento de sangue e criticou implicitamente a Rússia.

“Que haja paz para a Ucrânia devastada pela guerra, tão duramente provada pela violência e destruição de uma guerra cruel e sem sentido para a qual foi arrastada”, disse, agradecendo aos que acolheram os cerca de 4 milhões de refugiados do País.

Mariupol foi palco de alguns dos piores combates, com grandes consequências para a população civil, desde a invasão do País, no fim de fevereiro.

Entre eles, está o bombardeio de uma maternidade com crianças e mulheres grávidas, em que ao menos três pessoas morreram, incluindo uma gestante cuja imagem de seu resgate em uma maca correu o mundo. Um ataque a um teatro, que abrigava milhares de desalojados, foi outro episódio a chamar atenção internacional. Moscou negou o ataque.

A siderúrgica, em Mariupol, uma das maiores usinas metalúrgicas da Europa, com um labirinto de trilhos e fornalhas, tornou-se um local de resistência para os defensores locais.

Segundo o jornal New York Times, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reconheceu em um discurso noturno que os combatentes ucranianos controlavam apenas uma pequena parte de Mariupol e estavam em desvantagem numérica de seis em relação aos russos.

Zelensky acusou as forças russas de “tentar deliberadamente destruir todos que estão [em Mariupol]” e ameaçou encerrar as negociações de paz com Moscou se as forças russas cometerem atrocidades.

“Nossos soldados estão sitiados, os feridos estão sitiados. Há uma crise humanitária… No entanto, eles estão se defendendo”, disse ele ao portal de notícias Ukrainska Pravda.

A captura de Mariupol, se confirmada, seria um feito estratégico para Moscou, ao conectar o território, em Donbass, com a península da Crimeia, anexada em 2014. Em Donbass, estão situadas as duas autoproclamadas repúblicas separatistas de maioria russa, que Moscou reconheceu pouco antes de dar início à invasão — região onde, agora, as forças russas concentram seus efetivos.

Não se sabe ao certo quantos soldados estão na siderúrgica. Imagens de satélite mostraram fumaça e fogo vindos da área, que tem túneis subterrâneos.

Petro Andryushchenko, um assistente do prefeito de Mariupol, disse que os russos estavam dando, a centenas de civis, permissão para se deslocarem pelas partes centrais da cidade.

Além de Mariupol, outras regiões na Ucrânia relataram ataques russos. Segundo jornais locais, Kiev sofreu uma explosão — embora o vice-prefeito, Mykola Povoroznyk, tenha dito que os sistemas de defesa aérea detiveram ataques russos. O prefeito de Brovary, perto de Kiev, também informou que um ataque com mísseis aconteceu na cidade.

A Rússia disse que destruiu uma fábrica de munição, perto da capital ucraniana, segundo a agência de notícias RIA. Ataques de artilharia russa, em vários bairros de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, feriram 31 pessoas, incluindo quatro crianças, disse o governador regional Oleh Synehubov.

A polícia ucraniana, em Donetsk, disse que nas últimas 24 horas forças russas usaram tanques, lançadores de foguetes e artilharia pesada, em 13 assentamentos sob controle ucraniano, matando dois civis.

Na sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensk, afirmou à rede de TV americana CNN que de 2.500 a 3.000 soldados ucranianos já morreram nos 51 dias desde a invasão russa. O presidente falou, ainda, em cerca de 10 mil agentes feridos, alguns com gravidade, e disse que não há contagem de vítimas civis.

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