Saiba a história do Dia de São Pedro, príncipe dos apóstolos e disseminador da fé

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS- Dia 29 de junho é celebrado o “Dia de São Pedro”, uma das datas mais comemoradas pela igreja católica que encerra as festividades juninas. A programação voltada a São Pedro é uma das mais antigas da igreja e segundo historiadores, os festejos antecedem até mesmo o Natal.

O santo que desejou ser crucificado de cabeça para baixo por não considerar digno de morrer como Jesus, hoje é considerado o padroeiro do pescadores, porteiros, santo das chuvas, príncipe dos apóstolos. Fatos que o tornaram o primeiro papa da história. Na perspectiva do Padre Martin Laumann, o “Dia de São Pedro” relembra a importância dele no constituir da história dando prosseguimento ao professar a fé bem como Jesus.

“É dia de pescador, é dia em que reconheçamos que Jesus passou (constituiu) toda autoridade a Pedro. Isso quer dizer, Pedro continuaria o trabalho de Jesus. Aquela profissão de fé em Jesus Messias – “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”- fez de Simão pedra fundamental da comunidade de Jesus. Assim, depois da Ressurreição de Jesus, o Pedro, o pescador é recebido pela comunidade da igreja. Agora como sucessor de Jesus no cristianismo. Um simples pescador torna-se pelas palavras de Jesus o primeiro papa e sucessor de Jesus. É ele, Pedro, o vigário de Cristo na terra. Viva São Pedro”, celebra o padre.

Evangelho

Para o pároco da igreja de São Pedro, Alcimar Araújo, São Pedro é fundamental para inspirar a continuação da propagação do evangelho e de comunhão com Cristo. “Foi ele quem ficou responsabilizado por Jesus de cuidar, animar, proteger, era apto para continuar a missão do mestre. No centro de sua vida está o encontro pessoal dele com Jesus, o Cristo”, detalha Araújo.

“Foi esta experiência de profunda comunhão que mudou sua vida para sempre. Ele era figura frágil, mas em Cristo se tornou forte, corajoso disposto a dar a vida pelo mestre e de fato deu. Ele nos inspira a também continuar hoje a missão de levar Jesus e seu evangelho ao mundo”, conta o padre.

Sincretismo

Para o Xɛ́byosɔnɔ̀n e coordenador-geral da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades de Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama), Alberto Jorge, São Pedro possui um processo sincrético não exatamente atrelado ao candomblé que se costuma presenciar no Brasil.

O representante explica que o santo é sincretizado no Tambor de Mina (religião afro-brasileira praticada nos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e parte da Amazônia) com Vodun do Céu e da Justiça (entidades espirituais africanas) denominado Xɛ́byosɔnɔ̀n.

“Essa ligação com São Pedro se dá em função do processo sincrético de Jesus Cristo ter concedido a ele a chave da porta do céu. Então tendo ele chave do céu, seria o senhor dos ares e Xɛ́byosɔnɔ̀n que no candomblé com Xangô seria o senhor da Justiça – aquela divindade que pune quem é mentiroso, quem falta com a justiça, dizimando a pessoa com um raio”, explica pai Alberto.

História

Simão ou Simeão nasceu na Galileia, era pescador e trabalhava com o irmão e o pai, Jonas e o apóstolo André. O nome Pedro foi dado após o encontro com Jesus Cristo realizado por mediação de São João Batista (celebrado no último dia 24 de junho).

No Evangelho de Mateus, capítulo 16 consta: “por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.

No novo testamento é possível encontrar os quatro Evangelhos Canônicos, escritos e em diferentes épocas, pelos discípulos Mateus, Marcos, Lucas e João, o relato foi redigido em grego e, além deles também é possível encontrar citações nos Atos dos Apóstolos, nas Epístolas de Paulo e em duas Epístolas do próprio Pedro.

Celebrações

Uma curiosidade é que o dia voltado a São Pedro é também o de São Paulo, celebrado dia 29, mas, embora durante muitos anos terem acreditado que os dois teriam sidos martirizados no mesmo dia por professar a fé, não há nenhuma confirmação deste fato.

Vale ressaltar que ambos são considerados “pais de Roma”, ainda que não tenham fundado a cidade, são basicamente os pilares da “Roma Cristã”. São Pedro como pastor do “rebanho santo” e “disseminador da fé” e São Paulo como missionário, professando a fé e “apóstolo do gentios”. Considerado pela igreja e historiadores um dos maiores propagadores do cristianismo depois de Cristo.

Segundo relatos aceitos pela própria Igreja Católica, Pedro teria sido morto no ano de 67 da Era Cristã em Roma, por ordem de Nero. Em sua homenagem, o Vaticano ostenta a maior e uma das mais importantes estruturas religiosas do catolicismo, a Basílica de São Pedro.

Oração de São Pedro

“Glorioso apóstolo São Pedro, com suas 7 chaves de ferro eu te peço, eu te rogo, eu te imploro, abra as portas dos meus caminhos, que se fecharam diante de mim, atrás de mim, a minha direita e a minha esquerda. Abra para mim os caminhos da felicidade, os caminhos financeiros, os caminhos profissionais, com as suas 7 chaves de ferro e me dê a graça de poder viver sem os obstáculos. Glorioso São Pedro, tu que sabes de todos os segredos do céu e da terra, ouve a minha oração e atende a prece que vos dirijo. Que assim seja. Amém.”

Programação local

Por conta da pandemia a famosa procissão fluvial em homenagem ao santo tem sido mais discreta desde o ano passado. Segundo informações repassadas pela organização do evento, a procissão vai acontecer sem a presença marcante dos fiéis, porém os que tiverem embarcação poderão acompanhar a manifestação de fé. A procissão será transmitida por intermédio dos meios de comunicação (TV, rádio Rio Mar e Internet) para que os devotos de São Pedro presentes em todas as regiões da cidade de Manaus possam acompanhar.

“Neste ano mais uma vez, realizaremos a procissão sem a presença de fiéis, por ocasião da pandemia da Covid-19, para não interromper essa bonita e tradicional manifestação de fé, realizaremos a Procissão Fluvial deste ano da seguinte forma: apenas a embarcação levando o quadro histórico de São Pedro e um reduzido número de tripulantes a bordo, basicamente clérigos e equipe de transmissão”, explicou a assessora Ana Paula Gióia.