Saiba quem é o suspeito de chefiar ataque a assentamento do MST
Por: Cenarium*
12 de janeiro de 2025
BRASÍLIA (DF) – A Polícia Civil de São Paulo (PC-SP) prendeu, na tarde deste sábado, 11, Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como “Nero do Piseiro”. Ele é apontado pelas investigações como um dos suspeitos de matar duas pessoas que participavam de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior do Estado.
De acordo com a CNN Brasil, o homem informou às autoridades, após a sua prisão, que outro suspeito, identificado como Italo Rodrigues da Silva, teria participado do crime. Conforme a emissora, a polícia também representou pela prisão preventiva do segundo suspeito. “Há elementos informativos no sentido de que Italo era um dos autores do grave crime investigado”, afirmou a polícia.

O Jornal Estado de São Paulo informou neste domingo, 13, que o suspeito é natural de Petrolina (PE). Conforme a publicação, “Nero do Piseiro” foi condenado a dois anos de reclusão em regime inicial aberto pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. A condenação ocorreu em abril de 2024, mas ele foi absolvido em novembro do mesmo ano, em julgamento na segunda instância.
Os crimes ocorreram na noite de sexta-feira, 10, no assentamento Olga Benário, na Estrada Canegal, por volta das 23h. Segundo MST, foram mortos a tiros Valdir do Nascimento, o “Valdirzão”, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, 28. Nascimento era uma das lideranças do assentamento. A ação deixou ainda seis pessoas feridas, que precisaram ser encaminhadas a atendimento hospitalar.
De acordo com a polícia, o detido, que é apontado como mentor intelectual do crime, é conhecido como “Nero do Piseiro” e já tinha passagem criminal por porte ilegal de arma de fogo. Ele foi reconhecido por testemunhas que viram os criminosos chegando ao local em carros e motos.
O caso foi registrado na Delegacia Seccional de Taubaté como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo.
De acordo com a polícia, a linha de investigação, que está a cargo da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) do município, é de que a motivação dos crimes foi a disputa por um terreno na área do assentamento.
Segundo o MST, a área do assentamento desperta interesse imobiliário devido à localização privilegiada. “O Assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária voltada para o turismo de lazer, devido a sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba. Há anos, as famílias assentadas vêm sofrendo ameaças e coerções constantes”, disse o movimento em seu site.
O MST critica que “mesmo após diversas denúncias feitas aos órgãos estaduais e federais”, não houve uma resposta efetiva para garantir a segurança e a permanência dessas famílias no território.
Localizado em Tremembé (SP), no Vale do Paraíba, a cerca de 140 quilômetros da capital paulista, o assentamento foi atacado por dez homens, segundo MST. Eles utilizaram cinco carros e duas motos.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que a Polícia Federal instaure inquérito para apurar o ataque. A pasta informou que uma equipe da PF, com agentes, perito e papiloscopista, já foi deslocada para Tremembé.