Saldo econômico da pandemia: produção industrial do AM amarga retração de quase 50%, diz IBGE
09 de junho de 2020
(Divulgação)
Carolina Givoni – Da Revista Cenarium
MANAUS – Com queda na produção beirando a casa dos 50%, fixada em 46,5%, a indústria amazonense encabeça a lista de piores índices de recuo na atividade produtiva, durante os meses de março e abril deste ano, segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o Instituto, este é pior resultado do Estado desde o início dos comparativos, em 2002. Nesta pesquisa, somente em abril, mesmo com o ajuste sazonal, 13 dos 15 locais consultados demostraram taxas negativas.
O economista Wallace Meireles explica que o balanço é preocupante, mas nada que não estivesse previsto da situação de pandemia da Covid-19. “Os americanos têm taxas de decréscimo, que estão previstas algo em torno de 4%, somente nos primeiros três meses desse ano. A China caiu 9% no primeiro trimestre, e o Brasil não vai ficar fora disso, com todos os setores econômicos afetados”, disse.
Meireles afirmou que há uma fragilidade do sistema econômico relacionada, porque ninguém consegue produzir como antes. E questão do emprego acaba sendo crítica. “É preciso ter em mente um plano. Precisamos de um governo mais ágil, menos burocrático. É uma questão de humanidade para ajudar as pessoas que estão em uma situação difícil”, explica.
Para o supervisor de disseminação de informações do IBGE no Amazonas, Adjalma Nogueira Jaques, a razão da paralisação do Polo Industrial de Manaus (PIM), o isolamento social causado pela pandemia do Covid-19, é o principal motivo para esse quadro.
“Com as plantas industriais obrigadas a paralisarem suas linhas de produção, por conta da pandemia, acabou causando uma estagnação brusca na fabricação dos produtos. Com isso, o desempenho desabou à níveis históricos, causando sérios prejuízos momentâneos e futuros para a indústria do Estado. Para a próxima divulgação, as expectativas não são das melhores, uma vez que o isolamento permaneceu durante todo o mês de maio”, declara.
Os índices de maiores acentuações de queda, estão o Amazonas, Ceará, e Região Nordeste toda, bem como o Paraná. Na Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. Assim como os anteriores, o Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco e Mato completaram o conjunto de locais com índices negativos. O resultado reflete o isolamento social por conta da pandemia da COVID-19, que afetou a produção industrial por todo o país.
Recuperação
Meirelles defende que políticas podem amenizar o quadro, a curto e médio prazo, para o especialista, a situação não voltará ao normal de uma hora para outra. “A indicação é que podemos conviver com essa doença por alguns anos. É preciso nos reinventarmos nessa situação como o caso do home office, que continua a produção. Preservar a vida é importantíssimo. Vamos passar por isso e reerguer a economia, a inflação é consequência de uma economia que está decrescendo rapidamente”.
O especialista ainda fala do desejo que tem do governo preservar a demanda agregada brasileira, trabalhando a questão do micro, médias e grandes empresas. “Esperamos que o governo tenha essa sensatez, não só o governo federal, mas os Estados e Município”, pondera.
A Moto Honda da Amazônia foi uma das empresas do PIM que retomou gradualmente as atividades produtivas. O retorno dos colaboradores às atividades na unidade, segue um cronograma de retomada da operação, encerrado antecipadamente ao período de suspensão temporária do contrato de trabalho. A empresa ainda afirma que colaboradores cujas atividades permitirem atuação à distância, ainda permanecerão em regime de home office.
Nos novos protocolos de saúde e segurança foram estabelecidas avaliações de saúde com medição de temperatura no acesso à fábrica; horários diferenciados e intercalados para evitar aglomerações; reorganização de espaços, limitação do número de pessoas e adoção de critérios de distanciamento mínimo em locais como ônibus fretados, linhas de produção, refeitórios e salas de reunião; novos critérios de higienização, limpeza e sanitização bem como a adoção de máscaras.
Comparativos
O índice de média móvel trimestral da indústria caiu 8,8% no trimestre encerrado em abril de 2020 frente a março, intensificando o recuo de 2,4% do mês anterior e mantendo a trajetória predominantemente descendente iniciada em outubro de 2019. A redução desse mês foi a mais intensa desde o início da série histórica. Todos os 15 locais pesquisados apontaram taxas negativas nesse indicador. Os recuos mais acentuados foram de Amazonas (-18,6%), Ceará (-17,1%), Rio Grande do Sul (-12,2%), Região Nordeste (-11,7%), Paraná (-10,2%), Santa Catarina (-10,2%), Bahia (-9,8%) e São Paulo (-9,5%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, a indústria caiu 27,2% em abril de 2020, com 13 dos 15 locais pesquisados apontando resultados negativos. Assim como no índice nacional, nove dos quinze locais pesquisados atingiram seu resultado negativo mais intenso desde o início da série histórica:
Amazonas (-53,9%), Ceará (-53,0%), Rio Grande do Sul (-35,8%), Região Nordeste (-33,1%), São Paulo (-31,7%), Santa Catarina (-30,8%), Paraná (-30,6%), Pernambuco (-29,1%) e Bahia (-26,5%). Espírito Santo (-23,9%), Minas Gerais (-20,4%), Mato Grosso (-11,6%) e Rio de Janeiro (-5,4%) completaram o conjunto de locais com índices negativos nesse mês. Por outro lado, Pará (37,6%) e Goiás (0,4%) apresentaram variações positivas.
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