Com informações da Uol
MANAUS – O delegado da Polícia Federal (PF) e ex-superintendente da corporação no Amazonas, Alexandre Saraiva, disse que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez uma “pseudoperícia” na madeira apreendida em operação da PF. O delegado está sendo ouvido, na tarde de hoje, pela Comissão de Legislação Participativa.
“Ele [Ricardo Salles] foi até a área, fez uma ‘pseudoperícia’. De 40 mil toras, olhou duas e disse que conferiu. Que a princípio estava certinho, que as pessoas apresentaram escrituras”, disse.
Segundo Saraiva, o ministro marcou para voltar ao local uma semana depois, quando receberia a documentação necessária das pessoas envolvidas. O delegado explicou que, quando a PF finalmente recebeu os documentos que solicitava desde o ano passado ao órgão ambiental do Pará, em uma reunião com a participação do ministro do Meio Ambiente, “aquilo se mostrou uma fraude imensa, onde se buscava iludir a autoridade policial”.
“Eu entendi como correto encaminhar notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal, apontando aquele fato”, afirmou. O ex-superintendente da PF afirmou, ainda, que mais de 70% da madeira apreendida não foi reivindicada. E, por isso, questionou como Salles pôde garantir que “estava tudo certo” com o material apreendido. Além disso, lembrou que o ministro chegou a criticar a operação em entrevistas à imprensa, colocando-a em dúvida.
“O ministro fez uma inversão. Tornou legitima a ação dos criminosos, e não do agente publico. Então, em linhas gerais, foi isso que nos motivou a fazer a notícia-crime”, finalizou.
Na denúncia, Saraiva pede que as condutas de Salles e do senador Telmário Mota (Pros-RR) sejam investigadas por atrapalhar as medidas de fiscalização ambiental e por patrocinar interesses privados. Ao STF, o delegado cita uma apreensão de mais de 200 mil metros cúbicos de madeira ilegal no fim de 2020 e alega que os dois tentaram prejudicar as investigações do caso. Um dia depois de enviar a notícia-crime ao STF, o delegado foi substituído no cargo pelo delegado Leandro Almada.
Hoje, Salles afirmou que a denúncia feita pelo delegado é “busca por holofote” e que a ação mostra falta de parcialidade. “A notícia-crime foi uma busca de holofote e ele está querendo aparecer com essa situação toda”, disse o ministro em entrevista ao programa Opinião No Ar, da RedeTV. “Eu estou sempre ao lado da lei. Ao contrário da narrativa que ele tentou criar, nós não somos contra a Polícia Federal”, completou.
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