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Sargento da FAB traficou cocaína sete vezes em aviões antes de ser preso, aponta investigação
Avião da Força Aérea Brasileira (FAB) (Clauber Cleber Caetano/PR)
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31 de maio de 2021
Com informações do UOL
SÃO PAULO – O sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) Manoel Silva Rodrigues traficou cocaína em pelo menos sete viagens oficiais antes de ser preso na Espanha, em junho de 2019, depois de desembarcar de um avião de apoio da comitiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). É o que apontam dados da investigação da Polícia Federal (PF). A documentação do inquérito policial, a cujo conteúdo o UOL teve acesso, revela ainda que o esquema continuou com a participação de outros militares brasileiros, mesmo depois da prisão de Manoel Rodrigues.
O sargento foi preso em flagrante, após denúncia anônima, com posse de 39 quilos de cocaína avaliados em R$ 6,4 milhões, minutos após desembarcar no aeroporto de Sevilha, na Espanha. Era uma missão oficial do presidente Jair Bolsonaro e comitiva, rumo ao Japão, para reuniões com a cúpula do G20.
Questionada sobre o que foi feito depois da prisão do sargento em termos de segurança, a FAB afirmou que “os procedimentos de segurança, os protocolos de embarque e desembarque foram revisados e aperfeiçoados.” Leia resposta completa aqui.
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Trocas de mensagens atestam esquema
Em todas as sete viagens oficiais em que a investigação aponta que houve tráfico, o sargento trocou mensagens cifradas com a mulher Wilkelane Nonato Rodrigues que indicam sucesso na empreitada criminosa. Foram quatro voos domésticos (São Paulo e Recife) e três internacionais com escalas na Espanha, onde a droga era entregue.
Em uma dessas viagens, Manoel Rodrigues enviou a foto de um braço levantado com um terço enrolado no pulso a Wilkelane. Para o Ministério Público Militar (MPM), a postagem não representava ato de fé e sim um aviso: o sargento obteve êxito em traficar cocaína em um avião da FAB durante missão oficial diplomática ao Azerbaijão, com escala na Espanha, em abril de 2019.
Primeira viagem com cocaína
Segundo a PF e o MPM, a primeira viagem nacional suspeita do sargento aconteceu em 18 de março de 2019. Era uma missão de Brasília para São Paulo. Manoel e a mulher enfrentavam grave crise financeira, com contas atrasadas.
A PF apurou que, no retorno a Brasília, a situação do casal começou a melhorar, e Manoel Rodrigues pagou suas dívidas. O sargento estava lotado no Grupo de Transporte Especial (GTE), que é o setor da Aeronáutica responsável pelo transporte de autoridades. Ele fazia viagens oficiais rumo ao exterior desde o ano de 2015.
Os voos internacionais também não deixam dúvidas para a PF e MPM de que Manoel realizava tráfico de drogas nos aviões da FAB, de maneira recorrente. O sargento aproveitou uma missão oficial para o Azerbaijão, entre os dias 30 de abril e 5 de maio de 2019, para traficar cocaína para Espanha. A comitiva era capitaneada pelo deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), que presidia a Câmara. O roteiro incluía ainda agenda oficial no Líbano e paradas estratégicas em Cabo Verde, na África, e em Madri, Roma e Lisboa, na Europa.
No hotel de Madri, a tripulação chamou Manoel para sair e passear pela cidade. Ele recusou o convite alegando que iria encontrar uma prima. Manoel saiu para entregar a droga encomendada para uma pessoa não identificada. Investigadores descobriram que, uma semana após retornar do Azerbaijão, Manoel comprou uma moto Honda NC-750-X por R$ 32.900. O casal também gastou R$ 26 mil na reforma do apartamento de Taguatinga, no Distrito Federal, e na compra de móveis. As autoridades policiais calculam que Manoel recebeu ao menos R$ 100 mil pelo transporte da droga.
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