Saudade e celebração à vida marcam Dia dos Finados pelo mundo

Cada história única é homenageada por perspectivas diferentes ao redor do mundo (Reprodução/Internet)

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – O dia 2 de novembro é voltado para a celebração do Dia dos Finados, data marcada pela saudade e reflexão para várias pessoas. Em tempos de pandemia, o evento se tornou ainda mais significativo para aqueles que perderam entes queridos em função da Covid-19. Somente no Brasil, mais de 600 mil vidas foram ceifadas durante a pandemia do Coronavírus. Cada história é única e é homenageada por perspectivas diferentes ao redor do mundo.

No Brasil, a forte influência da Igreja Católica da Idade Média faz com que este seja um dia considerado triste, de recolhimento e orações após as visitas aos túmulo daqueles que já partiram. Para a dona Maria Rita, 66 anos, Dia dos Finados simboliza um momento para reforçar a lembrança e os laços de amor construídos com o marido, mãe e pai já falecidos.

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“É um dia dedicado para meus amores que partiram para um outro ciclo, mas deixaram o legado aqui para nossa família. Um laço de amor que nem mesmo a morte destrói. A saudade dói, mas nos apegamos naquilo que foi bom. Hoje reforço minhas orações para que encontrem a luz e me apego na crença que um dia vamos nos reencontrar”, diz Rita.

Reflexões, saudade e lembranças compõem o clima do Dia de Finados (Reprodução/ Internet)

Recolhimento

Embora neste período seja costume ir aos cemitérios para visitar os túmulos de parentes e amigos, há aqueles que preferem homenagear os mortos sem sair de casa. Como a pedagoga Francisca Ernesto, 61 anos. Para ela, a homenagem aos irmãos e pais é realizada em domicilio.

A profissional da educação reserva o dia, principalmente, as primeiras horas da manhã, para orar, acender velas e dialogar com a memória dos familiares falecidos. A escolha de não ir mais ao cemitério, segundo Francisca, resultou em uma forma mais positiva ao encarar o dia voltado para celebrar os mortos.

“Eu sou católica e desde pequena me foi ensinado que na data de hoje temos que ir ao cemitério para celebrar a memória daqueles que nos deixaram. Mas acredito que a maioria das pessoas também foram ensinadas assim e de uns anos para cá prefiro homenagear a memória dessas pessoas em casa, recolhida, fazendo minhas orações e me apego aos momentos bons. A saudade nunca deixa de doer, mas assim acho que fica mais leve este momento”, conta a professora.

Origem

Segundo informações oficiais da Igreja Católica, a primeira celebração de finados ocorreu há mais mil anos, mais precisamente no ano de 988. A data, inicialmente conhecida conhecida como “Dia de Todas as Almas” e celebrada em dias variados, passou por mudanças e foi estabelecida pelo abade francês Odilo de Cluny, que viveu entre os séculos 10 e 11 (anos de 962-1049).

O dia 2 de novembro escolhido por Odilo de Cluny começou a ser de fato, mundialmente conhecido no começo do século 20. Apesar da forte influência da igreja católica na data, a mistura entre as culturas cristã e pré-colombianas resultou em novos ritos ao Dia de Finados espalhados pelo mundo.

Fiesta de los Muertos

Desde de 2008 declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco – e diferente do Brasil – o Dia dos Finados, no México, é regado com muita festa e contraria o teor meramente fúnebre. A data que atrai turistas do mundo todo ao País, dispõe de muita música, comida e decoração especial.

Para os mexicanos, a celebração pode durar até sete dias, mas tradicionalmente foca no 1ª dia de novembro, Dia de Todos os Santos e finaliza no dia 2, com ruas e altares enfeitados com bela e mórbida figura da La Catrina, a conhecida caveira mexicana adornada de flores, oferendas e cores diversas. A criação da La Catrina é, inclusive, uma crítica social humorística para passar a mensagem de que todos são iguais e as classe social não faz diferença alguma diante da morte.

Altar produzido para o Dia dos Finados no México (Reprodução/ Internet)

No México, por influência das civilizações pré-colombianas, como Maya, Purépecha e Totonaca se acredita que as almas dos mortos podem retornar à Terra somente neste dia para ver seus antes queridos. Neste período, é comum ver famílias fazendo piqueniques no gramado dos cemitérios próximo às tumbas relembrando histórias dos antepassados.

Não é só no México que o momento voltado aos finados é alegre, também na ilha de Bali, localizada na Indonésia, a cerimônia de despedida é conduzida por uma festa. Outro lugar conhecido por preservar o cortejo fúnebre em tons de alegria, é a cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos, onde os mortos são embalados pelo jazz, gênero que predomina no local.

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