‘Se não fizerem nada, esse número não vai cair’, diz eurodeputado após divulgação de dados de desmatamentos no Brasil
13 de agosto de 2022
Claude Gruffat (Arte: Mateus Moura)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – O eurodeputado Claude Gruffat esteve no Brasil, mais precisamente nos Estados da Amazônia, durante dez dias, e ao ter acesso aos dados mais recentes do desmatamento, divulgados nesta sexta, 12, pelo Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o parlamentar pediu sanções econômicas em desfavor do Brasil na importação de madeira, em uma tentativa de barrar o extrativismo exploratório.
“Estou pedindo uma moratória (suspensão) na importação de madeira, soja e ouro até que as regras da lei estejam estabelecidas e os direitos humanos e do ambiente sejam respeitados“, disse o membro do comitê para assuntos econômicos e da delegação para relações com o Mercosul do Parlamento Europeu, que esteve em julho no Brasil ao lado das eurodeputadas Michèle Rivasi (francesa) e Anna Cavazzini (alemã).
Os dados do Inpe apontam que de agosto de 2021 até julho de 2022 foram derrubados 8.590,33 km² do bioma, a terceira maior taxa do histórico recente da medição. O território desmatado é maior, por exemplo, que a extensão da zona metropolitana de São Paulo.
Claude Gruffat no Parlamento Europeu, em Bruxelas (Martin Bertrand/Hans Lucas/AFP)
“Se os importadores não fizerem nada, esse número não vai cair porque nós vimos, em Santarém, que há muito trabalho a fazer a respeito da importação de madeira, cuja maioria vem do corte ilegal“, afirma o eurodeputado, que também diz que o intuito não é punir o Brasil, mas sim alertar sobre a situação irreversível que estamos chegando. “Não queremos ser cúmplices desse desmatamento massivo que causa dano ao planeta“, completa.
O político europeu destacou que as medidas servem principalmente para preservar esse patrimônio mundial. “Num momento em que o problema climático é tão urgente, é apenas coerente não querer contribuir para a redução de uma floresta que é uma das mais importantes redutoras de carbono do planeta“, disse.
A realidade da qual o parlamentar destaca foi apresentada na pesquisa “Territórios e Caminhos do Crime Ambiental na Amazônia Brasileira: da floresta às demais cidades do País”, publicada no último dia 20, pelo Instituto Igarapé, na qual a REVISTA CENARIUM teve acesso e demonstrou como a cadeia de exploração funciona.
Segundo o estudo, o descontrole florestal da Amazônia acontece em paralelo com o desmantelamento dos instrumentos de proteção ambiental durante o Governo de Jair Bolsonaro (PL). O atual presidente do Brasil já foi denunciado inúmeras vezes por diversas frentes indigenistas e de proteção por genocídio, crimes contra a humanidade, extermínio, perseguição e negligência contra povos indígenas, bem como por tornar difícil o trabalho de conter a exploração ilegal de minérios e madeira.
O estudo revela a dinâmica contemporânea das ilegalidades dentro da Bacia Amazônica e aponta São Paulo como o principal destino da madeira extraída de forma ilegal na Amazônia, seguido por Paraná e Goiás. No exterior, as operações da Polícia Federal que tiveram mais desdobramentos foram na Guiana Francesa e Venezuela (cinco cada), Suriname (quatro), Colômbia (duas), Paraguai e Bolívia (uma cada).
Outro ponto levantado pelo parlamentar diz respeito a segurança alimentar dos indígenas. Isso porque tanto o avanço do extrativismo madeireiro quanto o garimpo ilegal influenciam diretamente na alimentação de indígenas e ribeirinhos.
“Vi envenenamento do ambiente pelo uso de pesticidas que estão banidos da Europa há cerca de 20 anos. Eu farei tudo ao meu alcance para acabar com a exportação por empresas europeias de produtos banidos na Europa“, diz Claude, ao salientar estar “profundamente entristecido com o envenenamento de crianças indígenas pelo mercúrio usado na extração de ouro ilegal“.
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