SEC e Manauscult correm para reconstruir calendário oficial de cultura do AM, prejudicado pela pandemia
13 de junho de 2020

Mencius Melo – da Revista Cenarium*
MANAUS – O diversificado circuito cultural do Amazonas duramente impactado por conta da pandemia de Covid-19, tenta recuperar às pressas a agenda prevista para este ano. A retomada de atrações e pontos turísticos da capital ligados à opera, teatro e dança, bem como dos municípios do interior como boi bumbá e ciranda, estão no foco das instituições ligadas ao cenário artístico.
Agora que é possível avistar um horizonte. A Fundação Manauscult, vinculada à prefeitura de Manaus e a Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa, do governo do Estado, correm para salvar o que for possível da agenda cultural 2020.
A REVISTA CENARIUM conversou com os gestores de cada pasta. E de cada um, extraiu as informações para o que pode ser o ‘presente próximo’ da cadeia cultural.
O titular da SEC, Apolo Muniz, explicou que o momento é de reorganizar passo a passo. “O plano de retomada do Governo prevê que os espaços culturais do Estado poderão abrir somente para visitação a partir do dia 29 de junho”, observou.
Enquanto isso, a equipe se reagrupa, destacou o gestor. “Nós estamos nos preparando para esse momento, seguindo os protocolos de saúde e segurança, com regras de distanciamento social, higiene pessoal, sanitização de ambientes, entre outros quesitos. Tudo com muita responsabilidade, lembrando que a saúde é prioridade”, argumentou.

Retorno gradual
Apolo adianta ainda que por mais que se queira, o ritmo é lento. “O plano prevê inicialmente o retorno das visitações turísticas aos espaços culturais do Estado. Como nossas ações estão diretamente voltadas para o público, nosso retorno será de forma gradual, respeitando as orientações dos órgãos de saúde”, sintetizou.
Questionado se pode haver retomada de projetos cancelados e que já estavam no calendário, o secretário explicou que é possível. “Essa questão depende do panorama da pandemia no Estado. Como estamos vivendo um momento sem precedentes, não temos como fazer planejamento a longo prazo”, ponderou.
Muniz também revela outros pontos. “E há outras questões que teremos que entender também. O isolamento social transformou a vida das pessoas, vamos observar como o público vai voltar para ‘o novo normal’”, pormenorizou.
Instado a comentar sobre os grandes eventos de massa, como Carnaval de Manaus e o Festival de Parintins, Apolo Muniz foi sintético. “O Festival de Parintins continua adiado e ainda sem novas datas para realização e o Carnaval de Manaus também vai depender do cenário da pandemia no Estado”, asseverou.

Manauscult em compasso de retomada
Ativa ao longo dos últimos oito anos, a Fundação Manauscult é outro porto seguro nas águas da cultura. Segundo o titular Bernardo Monteiro, a volta também será lenta.
“Entre as medidas adotadas, está em processo de finalização o pagamento de projetos contemplados em editais correntes, como o Edital Prêmio Manaus de Conexões Culturais 2019, que conta com 75 projetos aprovados”, destacou.
Bernardo pontua que esse edital, é a retomada de um contingente enorme de artistas. “Esse edital envolve, direta e indiretamente, mais de 700 artistas, e representam uma injeção econômica de aproximadamente R$ 3 milhões no setor da cultura”, positivou.
Para não perder tudo no primeiro quadrimestre de 2020, o diretor-presidente informou que a fundação adiantou a lei que terá impacto positivo na cultura em Manaus.
“Nesse período republicamos o decreto que regulamenta a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, ampliando o número de empresas que podem realizar o patrocínio de projetos culturais e permitindo que o valor de ISSQ retido pelas empresas possa ser utilizado para este incentivo”, alinhou.
‘Passo a Paço’ descartado
Quanto aos eventos que já são sucesso de público, como é o caso do ‘Passo a Paço’, Bernardo Monteiro foi cético. “Vamos acompanhar os grandes eventos que podem acontecer no mundo, mas, seja como for, teremos que seguir os protocolos da pós pandemia”, assegurou.
Segundo Bernardo, o ‘Passo a Paço’ está descartado. “Talvez, possivelmente o Réveillon da Cidade’”, adiantou. “Isso com protocolos”, realçou.
A boa notícia fica por conta dos editais. “Sim, teremos edital. Estamos esperando somente governo federal sancionar a Lei Aldir Blanc, para ajustarmos isso á nossa realidade”, finalizou Bernardo Monteiro.