Secretaria da Mulher repudia postagem de deputado com agressor de Maria da Penha


03 de setembro de 2021
Secretaria da Mulher repudia postagem de deputado com agressor de Maria da Penha
Marco Antonio Heredia Viveiros ao lado de Jessé Lopes (Reprodução/Instagram)

Com informações do Infoglobo

RIO DE JANEIRO – A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados divulgou uma nota de repúdio em relação a postagens feitas em redes sociais pelo deputado estadual Jessé Lopes (PSL), de Santa Catarina, com o ex-marido e agressor de Maria da Penha, que dá nome à principal lei de enfrentamento à violência contra a mulher do País.

Na terça-feira, o deputado recebeu o agressor em seu gabinete e postou uma foto, na qual informava que Marco Antonio Heredia Viveros contou “sua versão sobre o caso que virou lei no Brasil” e que “sua história é, no mínimo, intrigante”.

“Não podemos deixar de registrar a indignação da bancada feminina da Câmara dos Deputados com tal declaração, considerando as violências sofridas por Maria da Penha, que a tornaram paraplégica. Sua luta por justiça, inclusive, resultou que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) responsabilizou o Estado brasileiro por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra as mulheres brasileiras”, diz um trecho da nota da secretaria, publicada na quinta-feira.

A promotora de Justiça de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público de São Paulo, Silvia Chakian, avalia que a postagem foi “uma mensagem violenta e perversa”, principalmente considerando o impacto da pandemia da Covid-19 no aumento da violência doméstica e o fato da Lei Maria da Penha ter completado 15 anos em agosto.

“Num País com estatísticas vergonhosas de violência contra as mulheres e feminicídios como o nosso, ver um representante do povo buscar holofotes publicando foto e mensagem ao lado daquele que tentou por duas vezes tirar a vida de Maria da Penha Fernandes, deixando-a paraplégica, é a expressão mais evidente do menosprezo, não só em relação a ela, mas a todas as mulheres desse País. Equivale a dizer que a integridade física, psicológica, moral, sexual, a dignidade e a vida das mulheres brasileiras simplesmente não importam”, afirma.

A promotora destaca que a Lei Maria da Penha rompeu com o padrão de tolerância no trato da violência doméstica no Brasil:

“Há uma agenda vasta de reformas estruturais e de padrões culturais para ser implementada nesse País, descrita pela lei como fundamental para que possamos diminuir os índices de violência contra a mulher. E esse compromisso também recai sobre o Poder Legislativo, o que torna ainda mais lamentável o ocorrido”, acrescenta Chakian.

Após repercussão, Jessé Lopes divulgou um vídeo na quarta-feira, no qual conta que o encontro ocorreu sem agendamento prévio e que registrou o momento nas redes sociais como faz com todos que visitam seu gabinete. O deputado repetiu que a versão dos fatos apresentada intrigou a ele e a sua equipe, “especialmente em razão do momento”, décadas depois do ocorrido, “e por se tratar de uma versão completamente oposta aos fatos julgados nos autos”.

Lopes afirmou que ouvir a “versão” de Marco Antonio não significa que corrobora com a fala apresentada ou que se compadece das consequências que “o atingiram após o trâmite regular das ações judiciais envolvendo o caso, visto que o processo tramitou regularmente, com direito à ampla defesa e contraditório, e ainda assim resultou na sua condenação”. Ele afirmou ainda que nunca foi contra a Lei Maria da Penha e disse que está “com a consciência tranquila”.

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