Sem provas, Bolsonaro relaciona vacina contra Covid-19 a suspeitas de embolia e trombose

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante cerimônia de declaração de guardas-marinha, no Rio de Janeiro (Reprodução/ O Globo)
Com informações do Infoglobo

RIO — O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender, na manhã deste sábado (11), o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de Covid-19 — medicamento sem comprovação científica e descartado pelas autoridades sanitárias para o combate ao vírus. Durante cerimônia de declaração de guardas-marinha, no Rio de Janeiro, Bolsonaro colocou em dúvida a eficácia da vacinação, como forma de prevenção contra a doença e, sem provas ou comprovação médica, o chefe do Executivo levantou suspeitas de que o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ) estaria internado com embolia por efeitos colaterais da vacina. E, ainda, citou supostos casos de trombose após a imunização.

“Nós disponibilizamos 400 milhões de doses de vacina. Compradas a partir do momento em que foram disponibilizadas. Mente descaradamente quem diz que o governo Federal não comprou a vacina no ano passado. Não tinha uma só dose à venda”, disse. “Eu tomei hidroxicloroquina e, se me contaminar de novo, tomo outra vez. Não só eu, milhares de pessoas fizeram a mesma coisa. Quem já tomou vacina pode se reinfectar? Pode. Respeito a autonomia do médico”.

E acrescentou:

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“Um caso que está sendo estudado agora. O deputado Hélio Lopes, meu irmão, está baixado no hospital, com embolia. Parece ser efeito colateral da vacina. Vamos aguardar a conclusão. Um médico, na semana passada, estava abalado porque um irmão dele tomou e estava com trombose no pé. Tem acontecido efeito colateral. Vocês já leram a bula dessas vacinas? Na Pfizer está escrito: não nos responsabilizamos por efeitos colaterais”.

No início do mês, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito para investigar o presidente Jair Bolsonaro. A investigação tem origem na CPI da Covid, que funcionou no Senado, este ano, e vai apurar as declarações de Bolsonaro em ‘live’ realizada em 21 de outubro, na qual o presidente apontou uma ligação entre a vacinação contra a Covid-19 e o desenvolvimento da Aids, o que não é verdade.

Ao ser questionado se a trégua entre o Executivo e o STF havia terminado, Bolsonaro disse que é alvo “toda semana” de investigações abertas pelos mesmos ministros. Disse, ainda, que leu a informação de uma suposta ligação entre a vacina contra a Covid-19 e a Aids em uma reportagem.

Neste sábado, Bolsonaro voltou a se posicionar contra o passaporte da vacinação e disse que “governadores autoritários” estão impondo medidas sanitárias para o controle da disseminação do vírus.

“A Ômicron já está no Brasil. É uma realidade. Não tem como você falar: vamos bloquear os voos de tal país para cá se não tiverem vacinados. Repito: Vacinado contrai o vírus?  Vacinado transmite o vírus? No que depender de mim tinha só o PCR. É mais efetivo do que a vacina. A vacina não impede que se contamine e se transmita o vírus”.

O presidente também atacou os integrantes da CPI da Covid, senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). E disse que “nenhum país no mundo” combateu tão bem a pandemia como o Brasil.

“Mente, descaradamente, quem fala que o governo não comprou vacina no ano passado. No ano passado, não tinha uma só dose à venda. A primeira dose foi aplicada em dezembro, no Reino Unido. Quarenta, cinquenta dias depois começamos a aplicar a primeira dose aqui. Quem comprou todas as vacinas foi o governo Federal. Ninguém no mundo fez um combate tão efetivo como nós”. 

Em meio a um novo surto da doença, na Europa, e a transmissão de uma nova variante do vírus, Bolsonaro voltou a defender o direito das pessoas de não se vacinarem: “Nós nunca proibimos ninguém de tomar a vacina. Agora, a liberdade acima de tudo”.

Bolsonaro participou de uma cerimônia de Declaração de Guardas-Marinha e entrega de espadas da turma Capitão-de-Fragata Luis Barroso Pereira, uma formatura de aspirantes da Marinha. O presidente estava acompanhado do governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro e dos ministros Walter Braga Netto (Defesa), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).

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