Sem recursos dos governos estadual e federal, Prefeitura de Cacoal vai pagar auxílio de R$ 2 mil para vítimas da enchente

O auxílio será pago a partir de transferência direta aos beneficiários, por meio de um. O custo está estimado em R$ 600 mil (Reprodução/Prefeitura de Cacoal)

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) — Sem ajuda financeira do Governo de Rondônia e do governo federal, a Prefeitura de Cacoal, município a 480 quilômetros de Porto Velho, pretende pagar um auxílio emergencial de R$ 2 mil para as 300 famílias que perderam tudo com o avanço das águas do Rio Machado e outros quatro afluentes que passam pela região, em decorrência das fortes chuvas que castigam a cidade desde a última semana.

A iniciativa é do prefeito Adailton Fúria (PSD), que encaminhou o projeto à Câmara Municipal tendo sido apresentado na Casa Legislativa em 21 de fevereiro, durante a 1ª sessão regular do ano. Segundo o presidente da Câmara, o vereador João Paulo Pichek (Republicanos), o pedido será votado nesta sexta-feira, 25, às 9h, durante sessão extraordinária que já foi convocada. 

À REVISTA CENARIUM, a prefeitura informou que o gasto será de R$ 600 mil, sendo que tais recursos serão pagos pelo próprio Executivo por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Trabalho (Semast), já que não houve apoio do Estado e nem do presidente da República Jair Bolsonaro, mesmo com o Decreto de situação de Emergência que continua em vigor na cidade. Caso aprovado, o valor será pago em parcela única, beneficiando cerca de 3.600 pessoas.

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Ao todo, 24 bairros foram afetados, deixando mais 1,2 mil famílias desalojadas (Reprodução/Governo de Rondônia)

“Com certeza é um projeto de extrema importância por conta da fatalidade que ocorreu em Cacoal. Com certeza, esses R$ 2 mil poderão, sim, auxiliar essas pessoas atingidas, viabilizando a aquisição de colchões, de alimentos, de fogões, de geladeiras e outros itens necessários nesse sentido”, afirmou à reportagem João Paulo Pichek. 

O vereador e presidente do Legislativo diz também que não há dificuldade para a aprovação do auxílio, visto que “na reunião das comissões, todos os vereadores entraram em acordo para colocar o projeto em votação”.

Para o vereador e presidente da Câmara de Cacoal, João Paulo Pichek, o auxílio emergencial é de “extrema importância” (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Critérios

O auxílio será pago a partir de transferência direta aos beneficiários, por meio de um cartão. Terão direito as famílias que comprovem renda mensal de até três salários mínimos e que residem em moradias afetadas de forma grave pela enchente, de acordo com o laudo da Semast.

Liberação do FGTS e mapeamento de famílias

Outra maneira de ajudar as 1.232 famílias vítimas da enchente foi a solicitação da liberação do saque dos valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Para isso, o prefeito Fúria se reuniu com secretários e representantes da Caixa Econômica Federal. 

“O pedido leva em consideração a decretação de Situação de Emergência no município, o que permite à Caixa, mediante assinatura de uma portaria do Ministério do Desenvolvimento Regional, liberar parte dos recursos do FGTS aos trabalhadores afetados por enchentes e outras calamidades que os coloque em condições de vulnerabilidade social, o que é o caso de várias famílias cacoalenses que perderam tudo”, informou o Executivo por meio de nota.

Poderão sacar aqueles moradores que tenham saldo em conta e que residam há pelo menos 120 dias nas regiões que ficaram alagadas.

A Assistência Social também está mapeando todas as famílias que ainda precisam de apoio. Os agentes realizam visitas e catalogam os itens necessários, bem como móveis, roupas e eletrodomésticos, realizando as doações em seguida, de acordo com o que já foi arrecadado por meio de ajuda voluntária da sociedade, além de cestas básicas e produtos de higiene.

Cacoal conta com uma rede de apoio formada por mais de 1 mil voluntários que levam doações, café da manhã, almoço e cestas básicas às vítimas da enchente (Reprodução/Prefeitura de Cacoal)

Ainda há riscos

De acordo com a Defesa Civil Municipal, as águas que tomavam conta das ruas já começaram a retroceder. Ainda de acordo com a pasta, o Rio Machado, o principal da cidade, registrou nesta sexta-feira, 25, a marca de 8,20 metros, ou seja, “dentro da sua normalidade”.

As famílias, que estavam abrigadas em três pontos de apoio, além de hotéis pagos pela prefeitura, já estão retornando para casa. Mesmo assim, a Defesa Civil diz que ainda não há motivo para baixar a guarda em relação à possibilidade de novas inundações.

“Os maiores eventos de alagamento que temos registrados, aqui no município de Cacoal,  ocorreram em 2014 e, agora, este no ano de 2022. Estamos fechando os números, mas podemos afirmar que este foi o maior evento de inundações e alagamentos. Esse ano é um ano atípico, porque temos o evento do La Niña, que contribui para as grandes chuvas em todas as regiões, principalmente aqui na região amazônica”, explicou o coordenador da Defesa Civil Municipal Lucas Borghi à CENARIUM.

O coordenador da Defesa Civil Municipal Lucas Borghi não descarta a possibilidade de novas enchentes (Reprodução/Prefeitura de Cacoal)

“A cidade, felizmente, está se recuperando numa velocidade extraordinária graças a vários trabalhos voluntários, ajuda, doações e, também, ao efetivo da prefeitura, que tem se empenhado 24 horas por dia para apoiar as famílias que precisam de assistência e social, além de restaurar as obras e a infraestrutura da cidade”, complementou Borghi.

Semast realiza mapeamento de famílias atingidas e entrega doações em Cacoal, no interior de Rondônia (Reprodução/Prefeitura de Cacoal)

Estado tem nove cidades alagadas

Além de Cacoal, os municípios de Ji-Paraná, Rolim de Moura, Pimenta Bueno, Ariquemes, Governador Jorge Teixeira, Machadinho do Oeste, Alto Paraíso e Campo Novo de Rondônia estão sofrendo com o avanço dos rios. Nessas localidades, mais de 1 mil pessoas já foram afetadas e parte da população só consegue se locomover de barco.

Em Rolim de Moura, por exemplo, a inundação comprometeu o tratamento e o abastecimento de água para a população em 30%. Já em Campo Novo de Rondônia, uma ponte sobre o Rio Braço Esquerdo caiu, impossibilitando o escoamento da produção agrícola pela BR-421, que também está sendo tomada pelo atoleiro.

Ponte caiu em Campo Novo de Rondônia e compromete produção agrícola (Reprodução/Polícia Rodoviária Federal)

Em Ariquemes, a preocupação é por conta do Rio Jamari, que ao atingir 11 metros, já está acima da cota de alerta.

Nessas cidades, a orientação é para que moradores evitem as zonas de risco e que, em caso de emergência, liguem para a Defesa Civil, por meio do telefone 199 e, para o Corpo de Bombeiros, por meio do 193.

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