Semana de eventos homenageia Irmã Dorothy no Pará

BELÉM (PA) – Nesta semana, uma série de atividades no Pará homenageia a norte-americana Irmã Dorothy Stang, missionária assassinada há 20 anos em Anapu, na região da Transamazônica (BR-230). A programação, organizada pelo Comitê Dorothy em parceria com movimentos sociais, universidades e entidades religiosas, reforça a memória da missionária e sua luta em defesa dos povos da floresta e da Amazônia.

Na terça-feira, 12, data em que o assassinato de Irmã Dorothy completou duas décadas, um ato inter-religioso foi realizado na Praça Santuário, no bairro de Nazaré, no centro de Belém. O evento reuniu representantes de diferentes crenças, movimentos sociais, entidades de direitos humanos e instituições de Ensino Superior como a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Durante a cerimônia, foi lançada a edição especial do Jornal Resistência, uma publicação da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), destacando a trajetória de Dorothy e a continuidade de sua luta.

Para a coordenadora do Comitê Dorothy, Alcidema Coelho, as homenagens também têm o objetivo de denunciar a atual situação dos conflitos agrários na Amazônia. “A situação em Anapu ainda é muito delicada. Outros trabalhadores foram assassinados na região. A violência contra defensores de direitos humanos continua crescendo, com 143 ameaçados no Pará. A luta de Dorothy continua atual”, afirmou.

Cine debate

Nesta quinta-feira, 13, um cine debate será realizado em Belém para lembrar o legado de Dorothy Stang com a exibição do filme “Vida, Luta e Matírio de Dorothy Stang”. O evento ocorrerá no Movimento de Emaús, no bairro do Benguí, com sessões às 10h30 e 13h30. A exibição de filmes sobre a trajetória da missionária busca promover reflexões sobre sua defesa dos trabalhadores rurais e da floresta amazônica. A programação, organizada pelo Comitê Dorothy, Movimento de Emaús e Cinefront, segue até o dia 15 de fevereiro. Confira a programação:

Quem foi Irmã Dorothy

Dorothy Mae Stang nasceu nos Estados Unidos e dedicou mais de 30 anos de sua vida à defesa dos povos da Amazônia. No Pará, esteve à frente da criação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperança (PDS Esperança), assentamento voltado à agricultura familiar e à preservação ambiental.

Integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dorothy incentivou a organização dos trabalhadores para que conhecessem e lutassem por seus direitos. Por sua atuação contra latifundiários e madeireiros ilegais, sofreu diversas ameaças de morte. Mesmo assim, nunca deixou de atuar ao lado dos camponeses.

Antes de ser assassinada, Dorothy já alertava sobre a destruição da floresta e a necessidade de preservar a Amazônia. “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar”, afirmou a missionária.

Duas décadas depois de seu assassinato, sua luta segue viva entre os povos da floresta e aqueles que defendem a Amazônia.

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Editado por Adrisa De Góes