Senador Eduardo Braga é acusado de repassar informações privilegiadas sobre privatização da Eletrobras

O jornalista Ronaldo Tiradentes revelou possíveis ligações entre o parlamentar e o empresário. (Reprodução/Internet)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O senador Eduardo Braga (MDB-AM) é acusado de repassar informações privilegiadas ao empresário Lírio Parisotto, considerado um dos maiores bilionários do Brasil e do mundo, sobre a privatização da Eletrobras. Nessa sexta-feira, 21, o jornalista Ronaldo Tiradentes, da TV Tiradentes, revelou possíveis ligações entre o parlamentar e o empresário.

Parisotto é acionista da concessionária de energia que poderá ser privatizada após aprovação na quarta-feira, 19, da Medida Provisória 1031/21. Os deputados federais Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Glauber Braga (Psol-RJ) chegaram a apresentar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma denúncia para que seja investigada a relação entre o senador e o empresário. Segundo os parlamentares, há indícios de violação de regras que favoreceria Lírio, já que Braga será o provável relator da medida provisória que prevê a privatização da empresa no Senado.

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Ao ser questionado sobre a relação com Parisotto, Braga teria dito que “apenas o conhecia”, segundo Tiradentes, minimizando o fato do bilionário ter sido suplente do senador nas 54ª e 55ª legislaturas do Senado, pelo Estado do Amazonas e, ainda, imagens que mostram certa proximidade entre o político e o acionista da Eletrobras.

Nessa sexta, 22, durante o programa “Manhã da Notícia”, Tiradentes mostrou fotografias de um iate de luxo que está ancorado na Europa, no Mar Mediterrâneo, entre a França e a Itália. De acordo com o jornalista, o barco, de nome Were Dreams (‘Eram Sonhos’, na tradução para o português), é avaliado em mais de 100 milhões de dólares e era de um príncipe saudita. A luxuosa embarcação, segundo o apresentador de TV, é do bilionário Lírio Parisotto e já abrigou o senador em diversas ocasiões.

Luxuosa embarcação Were Dreams (Reprodução/TV Tiradentes)

A primeira vez que Braga utilizou a embarcação teria sido em dezembro de 2015, em Saint Bart (SaintBarthélemy), uma ilha paradisíaca no Caribe, onde o senador chega a gastar cerca de 40 mil euros se hospedando por 15 dias, conforme Tiradentes. Para chegar à região, o jornalista conta que o parlamentar teria ido em uma aeronave particular do empresário, um jato Gulfstream, avaliado em mais de US$ 50 milhões.

Assista ao trecho do programa onde o jornalista fala da relação do senador com o bilionário:

Denúncia

Na denúncia apresentada pelos deputados federais Fernanda Melchionna e Glauber Braga, os parlamentares pedem a instauração de “procedimento investigatório, conforme competências fiscalizatórias e regulatórias, “com vistas a apurar todas as circunstâncias dos fatos aqui noticiados, bem como a adoção das medidas sancionatórias cabíveis, em face dos responsáveis”.

No documento, os deputados mostram que a relação próxima entre o senador e o empresário dá a Lírio Parisotto grande influência política e, possivelmente, acesso a informações privilegiadas no debate sobre a privatização da Eletrobras, processo de desestatização no qual Braga é um dos mais empenhados e envolvidos para conclusão.

Suplente

Suplente de Eduardo Braga em 2014, Lírio Parisotto foi eleito, naquele ano, o político mais rico do Brasil pela revista Forbes. A fortuna estimada do empresário, na época, era de 1,9 bilhão de dólares. Atualmente, ainda segundo a revista, o fundador da Videolar e dono da petroquímica Innova tem fortuna estimada em 1,5 bilhão de dólares.

Parisotto é um dos 660 brasileiros investigados pela Polícia Federal sobre o caso do vazamento de contas secretas na Suíça, cuja primeira etapa do inquérito criminal foi concluído em 2018. Eles são suspeitos de manterem contas ou investimentos secretos no HSBC do País.

Em 2020, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou o empresário por agressão a ex-mulher, a modelo Luiza Brunet. Em 2016, Luiza acusou Lírio de agressão, após, durante uma briga em Nova York (EUA), ter quatro costelas quebradas. No ano seguinte, o empresário foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, recorreu da decisão, mas perdeu novamente na segunda instância, em 2019.

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