Início » Polícia » ‘Será quantificado pela perícia’, diz PF sobre danos ambientais causados por garimpos clandestinos em Terra Indígena no Pará
‘Será quantificado pela perícia’, diz PF sobre danos ambientais causados por garimpos clandestinos em Terra Indígena no Pará
Segundo a PF, os campos de mineração estavam dentro de uma “área isolada”, “gerando enorme descontentamento entre os habitantes da aldeia mais próxima [a cerca de 30 quilômetros do local]” (Reprodução/Polícia Federal/Pará)
Compartilhe:
09 de maio de 2022
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – Instalações de garimpeiros ilegais foram desmanchadas pela Polícia Federal (PF), no Pará, dentro da Terra Indígena do povo Kayapó. A extração clandestina de ouro acontecia em três áreas de garimpo dentro da reserva, numa região a cerca de 160 quilômetros do município de São Félix do Xingu. A repressão ao crime ambiental aconteceu no último sábado, 7, mas foi divulgada apenas nesta segunda-feira, 9. Uma investida contra a ameaça imposta pelo garimpo à população tradicional de aproximadamente 4,5 mil pessoas.
Segundo a PF, os campos de mineração ofereciam risco expressivo aos indígenas, visto que estavam dentro de uma “área isolada”, “gerando enorme descontentamento entre os habitantes da aldeia mais próxima [a cerca de 30 quilômetros do local]”. A presença das irregularidades foram denunciadas à polícia e ao Ministério Público Federal (MPF) do Pará, no início de abril.
A ação, que fez parte da ‘Operação Guardiões do Bioma’, teve apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Força Nacional.
PUBLICIDADE
Risco iminente
A Polícia Federal categorizou a operação como uma “incursão”; uma espécie de ‘investida’ ou ‘ataque’ ao crime organizado e especializado em degradar o meio ambiente, visando apenas o lucro. Assim como a polícia, o MPF também entendeu que havia “risco de intervenção dos indígenas [insatisfeitos com a invasão do território] e de um confronto contra os garimpeiros”, apontou a PF em nota.
Para ter acesso ao local, os agentes utilizaram um helicóptero do Centro de Operações Aéreas do Ibama (Coaer), devido à impossibilidade de acesso terrestre por conta das condições do terreno.
“Na ação foram fechados três garimpos clandestinos de ouro, inutilizadas três escavadeiras hidráulicas (PCs), diversos motores e estruturas que davam apoio aos garimpeiros, além da apreensão de documentos e de mercúrio, metal líquido altamente poluente”, destacou a Polícia Federal.
“A atividade minerária ilegal representa risco à saúde dos trabalhadores pelo uso indiscriminado de mercúrio, polui leitos de rios e causa danos irreparáveis à fauna e à flora do local atingido”, acrescentou. À CENARIUM, a PF ainda informou que o dano ambiental será quantificado pela perícia, visando o “ressarcimento proveniente dos infratores”. Caso condenados, os suspeitos responderão por usurpação de bens da União, mineração sem licença ou autorização, além de armazenagem, transporte ou comercialização ilegal de substância tóxica e nociva à saúde humana ou ao meio ambiente”.
Não é novidade
O ritmo de degradação ambiental e de constante ameaça aos povos tradicionais não é algo novo no Pará, visto que o Estado está, de maneira recorrente, entre os líderes de desmatamento no território da Amazônia Legal.
Segundo o MapBiomas, a Unidade federativa teve mais de 60 mil alertas de desmatamento, nos últimos três anos, registrados por organizações oficiais e não governamentais de monitoramento dos ecossistemas brasileiros, dos quais apenas 1,8% foram fiscalizados. Já, comparando toda a área desmatada neste período, entre janeiro de 2019 e março de 2022, a fiscalização chegou a apenas 9,8% dos territórios.
Já no último mês de abril, o Pará foi o segundo Estado da Amazônia que mais teve áreas de vegetação na rota das queimadas e das derrubadas ilegais: 286 quilômetros quadrados, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.