Serão necessários até cinco anos para controlar o coronavírus, segundo cientista-chefe da OMS

Segundo ele, o mais provável é que o coronavírus fique endêmico e a humanidade precise conviver com ele, como ocorre com o HIV. (Fabrice Coffrini / AFP via Getty Images)

Ana Estela Pinto / Folhapress

Ainda serão necessários quatro ou cinco anos até que o novo coronavírus esteja sob controle, disse a cientista-chefe da OMS (Organização Mundial da Saúde), Soumya Swaminathan, na quarta-feira, 13.

Segundo ela, o tempo pelo qual o vírus continuará representando uma ameaça vai depender das mutações que ele possa sofrer, da eficácia de medidas de restrição do contágio implantadas pelos países e do desenvolvimento de uma vacina viável.

PUBLICIDADE

Em uma conferência digital promovida pelo jornal britânico Financial Times, Soumya disse que “não há bola de cristal” para essa previsão, e que a pandemia pode até “potencialmente piorar”.

Além disso, o fracasso de governos e famílias em aplicar as vacinas já comprovadas para doenças já conhecidas mostra que é um erro apostar todas as fichas em uma descoberta científica no caso do coronavírus, disse em entrevista em Genebra o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan.

“Desculpem se pareço cínico, mas vejam quantas doenças poderíamos ter eliminado com vacinas perfeitamente eficazes, como a do sarampo, e não o fizemos. Podemos até descobrir, produzir e entregar, mas as pessoas precisam também tomar as vacinas”, disse Ryan.

Segundo ele, o mais provável é que o coronavírus fique endêmico e a humanidade precise conviver com ele, como ocorre com o HIV. “Com tratamentos corretos, pode se tornar um vírus que não provoca mais pânico. Mas no momento é um patógeno novo, chegando aos humanos pela primeira vez, e é impossível estimar por quanto tempo ele ficará entre nós”, disse.​

Mesmo sem uma vacina, os governos podem controlar a pandemia com medidas básicas de epidemiologia e saúde, afirmou Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS: “Vários países já comprovaram que com as medidas corretas para impedir o contágio e tratar os doentes é possível dominar a Covid-19”.

Para Peter Piot, diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres que também participou do evento do Financial Times, eliminar o coronavírus vai exigir “muito mais” do que desenvolver uma vacina viável.

“A única doença humana erradicada foi a varíola”, disse Piot, que se recupera depois de ter contraído o coronavírus e ter sido internado durante uma semana. Segundo ele, as sociedades terão que encontrar formas de conviver com o vírus com intervenções mais focalizadas, em vez de amplas e gerais.

Piot afirmou que “não há opção a não ser investir mais em testes”, nos setores público e privado. Os sistemas de vigilância também foram apontados como fundamentais pelo diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, em entrevista pela internet: “A melhor maneira de saber se a doença está voltando com o relaxamento de medidas não pode ser contando doentes nas UTIs ou corpos no cemitério”.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.