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‘Seringô’: nascido no Acre, projeto se difunde na Amazônia e empodera mulheres
Mulheres das comunidades tradicionais da Amazônia aprendem a transformar o látex da seringueira, em matéria-prima para a confecção de utensílios do dia a dia (Reprodução/Divulgação)
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08 de março de 2021
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Fazer do látex da seringa uma fonte de renda para comunidades com a mulher protagonista no exercício de criar peças, essa é a proposta do projeto “Seringô”, iniciativa que há mais de três décadas recruta mulheres de comunidades indígenas e ribeirinhas, cujo talento e o saber podem ser centros de mesas, souplasts e biojoias e outros artefatos.
O projeto nasceu no Acre, mas já encontra guarida nos Estados do Amazonas, Rondônia e Pará. O “Seringô’ deriva dos estudos do ecologista Francisco Samonek, da Universidade Federal do Acre (Ufac), junto a indígenas e seringueiros do município Vila Acre. No entanto, a sede do projeto fica em Castanhal (distante 66.85 quilômetros de Belém), no Pará.
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A proposta é produzir borracha natural a partir de ‘encauchados’ que é a mistura do látex com fibras vegetais como resíduos da indústria do açaí, por exemplo. O processo de obtenção desse material é desidratação natural que se transforma em borracha vegetal no meio da floresta, com os moldes artesanais, sem necessidade de energia elétrica, máquinas ou estufas, ou seja, com uso racional de recursos naturais.
Na Itália
A iniciativa é tão positiva, que as peças do projeto “Seringó” foram expostas em uma das maiores feiras de design do mundo, o Salão do Móvel de Milão, na Itália. Artesã e uma das gestoras do projeto, Zélia Damasceno descreve que uma das maiores barreiras no processo de capacitação das mulheres está na resistência dos maridos que não aceitam que suas esposas saiam de casa para participar das oficinas de formação.
A gestora explica que a inclusão das mulheres em projetos dessa natureza é fundamental, porque elas são vítimas da ausência de políticas educacionais e isso provoca a falta de acesso à renda e, consequentemente, dependência econômica. O Projeto “Seringô” já capacitou mais de 40 comunidades em todo o território amazônico.
Para evitar perdas e até desistências, em alguns casos, Zélia faz a capacitação indo até as casas das mulheres para que, assim, os maridos ou parceiros compreendam a importância do trabalho e concordem com o envolvimento das esposas nas atividades. A participação pode gerar renda e outros ganhos para a família, trabalhar produtos de origem amazônica pode ser a alternativa econômica de um futuro sustentável.
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