Sete a cada 10 pacientes não se sentem totalmente recuperados cinco meses após alta, diz estudo

A pesquisa ainda não foi revisada por outros cientistas e nem publicada em revista, mas está disponível online (Reprodução/Internet)

Com informações do G1

MANAUS – Um estudo feito com 1.077 pessoas no Reino Unido concluiu que, a cada 10 pacientes internados com Covid-19, 7 não se sentiam totalmente recuperados da doença 5 meses após a alta. Além disso, uma a cada 5 pessoas relatou dificuldades de ver, ouvir ou andar, entre outras, que puderam ser classificadas como uma deficiência.

A pesquisa ainda não foi revisada por outros cientistas e nem publicada em revista, mas está disponível on-line. Os fatores de risco para desenvolver a chamada “Covid-19 longa”, ou Covid-19 prolongada, foram ser mulher, de meia-idade, branca, com duas ou mais comorbidades e quadros mais graves durante a fase aguda da doença.

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As consequências da doença tiveram impactos na saúde física, mental e na capacidade de trabalhar, segundo a pesquisa, liderada pelo Centro de Pesquisa Biomédica da Universidade de Leicester, na Inglaterra.

Veja os principais pontos do estudo:

  • Cada pessoa teve, em média, nove sintomas persistentes. Os dez mais comuns foram dor muscular, fadiga, lentidão física, qualidade do sono prejudicada, dor ou inchaço nas articulações, fraqueza dos membros, falta de ar, dor, perda de memória de curto prazo e pensamento lento.
  • Uma a cada 5 pessoas relatou alguma sequela que incluía dificuldades de enxergar, escutar ou andar, entre outras, que puderam ser classificadas como uma deficiência.
  • Mais de 25% tiveram sintomas clinicamente significativos de ansiedade e depressão e 12% tiveram sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT ou PTSD, na sigla em inglês) no acompanhamento feito 5 meses depois da alta.
  • Metade das pessoas tinha pelo menos duas comorbidades associadas. As mais comuns eram as cardiovasculares (42% dos pacientes tinham alguma) e diabetes tipo 2 (cerca de 20% tinham).
  • Entre os que precisaram ser intubados, 74% eram homens. Os homens também foram os que mais apresentaram função cognitiva prejudicada – o que tem sido chamado de “névoa no cérebro”.
  • Os pesquisadores coletaram informações sobre emprego de 950 pacientes. Dos 641 pacientes entrevistados que trabalhavam de alguma forma (em tempo integral ou parcial), 113 não trabalhavam mais depois da doença (cerca de 18%).
  • Os 1.077 pacientes foram internados entre março e novembro de 2020 e avaliados para a pesquisa de agosto até 5 de março deste ano – em média 5 meses depois de ter alta.
  • A idade média dos pacientes foi de 58 anos; 69% dos pacientes eram brancos e 27% precisaram de ventilação mecânica.
  • Os pacientes no estudo serão avaliados novamente em 12 meses para coletar mais dados.

Achados

A professora associada da Universidade de Leicester Rachael Evans explicou, em entrevista ao site da universidade, que os resultados mostram “uma grande carga de sintomas, problemas de saúde física e mental e evidências de danos a órgãos cinco meses após a alta”.

Outro ponto constatado é que os pacientes que precisaram de intubação ou que foram para a UTI demoraram mais para se recuperar.

“No entanto, muito da grande variedade de problemas persistentes não foi explicada pela gravidade da doença aguda – esta última em grande parte causada por lesão pulmonar aguda – indicando outros mecanismos subjacentes, possivelmente mais sistêmicos”, esclareceu Evans.

A pesquisa também aponta para um fator biológico potencial por trás de alguns sintomas da Covid longa. “Descobrimos que, exceto nos casos mais leves de sintomas persistentes pós-Covid, os níveis de uma substância química chamada proteína C reativa, que está associada a inflamação, estavam elevados”, explicou a pesquisadora Louise Wain, também autora do estudo.

“A partir de estudos anteriores, sabe-se que a inflamação sistêmica está associada a uma recuperação ruim em todo o espectro da doença”, pontuou Wain, também ao site da Universidade de Leicester.

Outro dos objetivos do estudo foi medir o impacto dos medicamentos administrados durante a hospitalização na recuperação dos pacientes. Os primeiros indicadores mostram que, embora os corticoides sejam um fator na redução da mortalidade hospitalar, não parecem ter impacto na recuperação a longo prazo.

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