Setor cultural segue decreto e adia eventos no AM; Profissionais destacam prejuízos

Tradicional evento na cidade, a banda do DJ Evandro Jr. foi adiada e não tem previsão para realização (Foto: Reprodução/Facebook)

Malu Dacio – Da Revista Cenarium

MANAUS — Produtores culturais, cantores e bandas têm obedecido ao novo decreto instituído pelo governo do Estado, no último dia 7 de janeiro, e muitos eventos têm sido adiados, sem data prévia para realização. A decisão suspendeu a realização de eventos de qualquer natureza com vendas de ingressos em todos os municípios do Estado do Amazonas, independentemente da quantidade de público. 

O produtor cultural e DJ Evandro Jr. destaca que profissionais da cultura estão se adaptando para trabalhar no formato permitido de bares e restaurantes. Tradicional evento realizado pelo DJ, a Banda do DJ Evandro Jr 2022 estava marcada para acontecer no último sábado, 8, na Arena da Amazônia.

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“O público entendeu ser uma ordem do Poder Público e eu tinha que cumprir. Todos estavam acompanhando que eu estava com tudo pronto. Não temos data para o retorno do evento, nós dependemos do decreto”, disse.

O produtor destaca ainda que com o cancelamento de eventos também causou grandes prejuízos. “Na banda do Dj, 150 mil (de prejuízo) fora o que deixamos de ganhar. A estrutura era Faraônica e já estava tudo pronto”, declarou o Dj.

Evandro lembrou também que as pessoas que compraram as camisas e ingressos para o evento podem guardar para a próxima data, que vai ser anunciada no momento oportuno.

Bloco da Tereza adiado

Tradicional festa do cenário LGBTQIA+ manauara, o Bloco da Tereza está há 22 meses sem encontrar seus foliões. A produtora cultural responsável pelo evento e DJ Luana Aleixo organizou o retorno da festa com muito cuidado para cumprir todas as regras e manter os presentes seguros.

Nas redes sociais, a organização do Bloco da Tereza informou que o evento de retorno estava programado para receber 300 pessoas e os ingressos esgotaram em duas horas, o que nos levou a cogitar a ideia de fazer uma edição extra no dia 28 de janeiro de 2022, que também está suspensa.

“Planejamos duas edições para o retorno da festa em janeiro. Como a procura foi muito alta, organizamos uma data para janeiro e abriríamos as vendas para o dia 28. Mas com o novo decreto, ficamos impossibilitados de fazer. Vamos esperar que seja possível. Iremos avisar as datas nas nossas redes sociais”, disse Luana.

Luana conta que os prejuízos financeiros com o evento foram mínimos. “Os serviços que eu contratei como decoração e outros iam ser pagos após o evento. Por um lado foi bom porque não fiz nenhum pagamento. Sempre que temos alguma edição do Tereza, eu faço um caixa pro evento. É impossível fazer um evento grande sem essa organização”, conta.

“Quem se prejudicou mesmo foram as pessoas que iam prestar os serviços como iluminação, som, o espaço do evento e claro, as atrações”, explica.

Outros eventos

Eventos que aconteceriam no último final de semana também foram adiados. É o caso do Bloco da Pimentosa, um dos primeiros eventos de carnaval agendados para a cidade. Marcado para o dia sábado, 8, o evento aconteceria no Assinpa. O evento orientou para que todos guardassem seus ingressos para a nova data.

O Bloco Sapatônica que aconteceria no domingo, 9, no Muiraquitã, também foi adiado. Em nota publicada nas redes sociais, a organização disse: “Entendemos e apoiamos a decisão do governo do Estado que tem o intuito de salvaguardar as vidas e evitar a disseminação da Covid-19”.

A ‘Vem Pro Vapo’ iria fazer sua estreia na cena cultural no dia 21 de janeiro, no Vibe Lounge. O evento seria o lançamento do artista Sants e de um single que ele também lançaria no mesmo dia da festa. Audi Arruda, produtora do evento, destacou que os prejuízos estão ligados também às questões organizacionais.

“Obviamente o lançamento impacta o artista em segmentos de características administrativas, como devolução de ingressos e planejamento de fornecedores, mas a festa vai ser adiada para um momento que seja possível de realizá-la”, explica.

A última edição do ‘Bloco da Tereza’ aconteceu há 22 meses (Foto: Divulgação: David Martins)

Festas clandestinas

Policiais militares da 24ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) e agentes da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) encerraram as atividades de estabelecimentos com festas clandestinas, que promoviam aglomeração de pessoas, na noite do último domingo, 9.

Em um clube localizado na Avenida Epaminondas, no Centro de Manaus, os policiais identificaram mais de 500 pessoas reunidas no ambiente. O novo decreto governamental, que passou a valer no sábado, 8, proíbe a realização de eventos com venda de ingressos e ocupação maior que 50% da capacidade.

O chefe de Operações Integradas da Secretaria Executiva Adjunta de Planejamento e Gestão Integrada de Segurança (Seagi), capitão Renan Libório, explicou que além da festa no clube, outras duas festas foram encerradas pelos policiais.

“Recebemos várias denúncias por meio do 190, sobre três locais que estavam realizando evento com a venda de ingresso. Eram locais que estavam em desacordo com o novo decreto governamental de combate à pandemia. As forças de segurança foram acionadas e rapidamente encerraram essas festas”, disse.

Em caso de descumprimento do decreto, está prevista multa no valor de R$ 50 mil, podendo chegar até R$ 500 mil.

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