Você já parou para pensar que muitas das suas decisões diárias não são exatamente suas? A neurociência já demonstrou que uma parte significativa dos nossos comportamentos é guiada por processos automáticos do inconsciente. Isso significa que, muitas vezes, tomamos decisões, reagimos a situações e até procrastinamos sem perceber que estamos sendo influenciados por mecanismos internos que fogem ao nosso controle consciente. Mas a boa notícia é que podemos aprender a identificar esses padrões e aplicar estratégias para evitar sermos enganados pelo nosso próprio cérebro.
Um exemplo claro disso é o viés da negatividade, um mecanismo evolutivo que nos faz dar mais peso a eventos negativos do que positivos. Isso ocorre porque, em tempos primitivos, prestar mais atenção aos perigos aumentava nossas chances de sobrevivência. No entanto, hoje essa tendência pode nos tornar excessivamente pessimistas, prejudicando nossa produtividade e capacidade de liderança. Para contornar isso, uma estratégia eficaz é a prática da gratidão ativa: ao final do dia, anote três coisas boas que aconteceram. Isso ajuda a reprogramar o cérebro para perceber e valorizar mais os aspectos positivos, reduzindo o impacto da negatividade.
Outro mecanismo comum é a ilusão da familiaridade. O cérebro tende a considerar informações repetidas como verdadeiras, mesmo quando são falsas. Isso pode nos levar a tomar decisões erradas, baseadas em crenças infundadas. Para evitar esse erro, é essencial questionar informações antes de aceitá-las como verdade. Sempre que ouvir algo que pareça óbvio ou amplamente aceito, pergunte-se: quais são as evidências concretas disso? Assim, você se protege contra a aceitação automática de falsas verdades.
A resistência à mudança também é um desafio imposto pelo nosso cérebro. Ele foi programado para economizar energia, o que significa que tende a preferir rotinas e padrões conhecidos. Isso explica por que é tão difícil implementar novos hábitos, mesmo quando sabemos que são benéficos. Para superar essa barreira, um truque eficiente é a técnica dos pequenos passos. Se deseja adotar uma rotina de exercícios, por exemplo, comece com apenas cinco minutos por dia. Pequenos avanços tornam a mudança menos assustadora e ajudam o cérebro a se adaptar gradativamente.
Por fim, a armadilha do excesso de opções pode nos levar à paralisia na tomada de decisões. Quando há muitas escolhas disponíveis, o cérebro pode ficar sobrecarregado, dificultando a ação. Para evitar essa sobrecarga mental, uma estratégia prática é a simplificação. Defina critérios claros antes de tomar decisões importantes, eliminando alternativas que não atendam a esses requisitos. Isso reduz a ansiedade e permite decisões mais rápidas e assertivas.
Agora que você conhece essas estratégias, que tal aplicá-las no seu dia a dia? Se alguma delas fizer diferença para você, compartilhe sua experiência e marque @raphaelcortezao no Instagram. Seu cérebro pode ser um grande aliado – desde que você saiba como usá-lo a seu favor.
(*)Raphael Cortezão é treinador comportamental, jornalista, mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, empresário e diretor do Instituto Inspiração Hub. Instagram: @raphaelcortezao