Silvio Santos teve medo de ser preso após fraudes de banco, diz Lula
18 de agosto de 2024

Da Cenarium*
MANAUS (AM) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo, 18, que o empresário e apresentador Silvio Santos teve medo de ser preso após a descoberta de fraudes no Banco Panamericano, uma instituição financeira do grupo Silvio Santos. O caso ocorreu em 2010 e, de acordo com notícias veiculadas na época, o dono do SBT foi ao Palácio do Planalto para uma reunião fora da agenda oficial com o presidente Lula, durante o segundo mandato do petista.
“Quando teve aquele golpe no Banco Panamericano o Silvio Santos me procuou aqui muito preocupado. Eu era presidente da República. Ele estava com medo de ser preso e eu dizia: ‘Silvio, não há por que te prender, nós vamos fazer investigação’. O Banco Central vai ajudar a cuidar disso. O problema foi resolvido, ele deu como garantia inclusive a televisão dele“, disse o presidente.
Aos jornalistas, o apresentador disse na época que havia pedido uma doação de R$ 12 mil ao presidente para o programa “Teleton”. O rombo no banco foi coberto com dinheiro emprestado do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), um colchão de recursos administrados por um conjunto de bancos para cobrir perdas dos correntistas em caso de quebra de instituições financeiras.

Em dezembro de 2009, a Caixa Econômica Federal havia anunciado a compra de 49,5% do capital votante do Banco Panamericano (atual Banco Pan) vinha crescendo em ritmo acelerado até a quebra do banco americano Lehman Brothers, em setembro daquele ano, e passou a ter dificuldades para captar recursos no mercado. anco Panamericano por R$ 739,3 milhões.
O Panamericano (atual Banco Pan) vinha crescendo em ritmo acelerado até a quebra do banco americano Lehman Brothers, em setembro daquele ano, e passou a ter dificuldades para captar recursos no mercado. Para não quebrar, a instituição precisava de uma injeção de dinheiro, o que foi resolvido com a venda de parte das ações para a Caixa.
No final de 2010, o Banco Central apontou um problema nas contas do Panamericano: um rombo de R$ 2,5 bilhões. Sem essa capitalização, a instituição, que agora tinha um banco estatal como sócio, seria liquidada.
A inconsistência contábil no balanço do Panamericano foi encontrada em uma fiscalização de rotina do BC. A instituição descobriu que o banco continuava contabilizando créditos já vendidos para outras instituições financeiras e as receitas geradas por eles. A Caixa disse que não se responsabilizaria.
Investigou-se a possibilidade de uma fraude, que teria passado despercebida pelo crivo de auditores internos e externos e do próprio BC, que havia aprovado o negócio com a Caixa. Na reunião no Planalto, Lula não havia mostrado simpatia pela ideia de oferecer ajuda oficial. Silvio voltou a procurar o presidente para abordar o tema, mas não foi atendido.
O rombo no banco foi coberto com dinheiro emprestado do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), um colchão de recursos administrados por um conjunto de bancos para cobrir perdas dos correntistas em caso de quebra de instituições financeiras.
Para obter o dinheiro, o apresentador deu seus bens como garantia, incluindo o SBT e o Baú da Felicidade. A diretoria antiga, que incluía familiares do apresentador, foi demitida. O banco sofreu uma “intervenção branca” e passou a ser administrado por executivos indicados pela Caixa e pelo BC.
O apresentador de TV chegou a dizer que faria o que fosse preciso para pagar o empréstimo que precisou contrair para se livrar de problemas no banco. Inclusive vender algumas de suas empresas e até sua participação no banco.
Em janeiro de 2011, houve uma nova reviravolta no caso. O apresentador assinou a venda de sua parte no banco para o BTG Pactual, que tornou-se sócio da Caixa no negócio. Como parte do acerto, Silvio conseguiu a liberação das garantias dadas pelo grupo. Em 2021, a Caixa vendeu sua participação no Pan para o banco privado.
A Polícia Federal abriu uma investigação que apurou os crimes envolvendo o Panamericano, resultando no indiciamento de 22 pessoas, por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, “caixa dois” e crimes financeiros.
Em 2017, foi deflagrada a operação Conclave, para apurar suspeitas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro na transação que foi aprovada pelo Banco Central e lesou a Caixa. Em 2020, nove pessoas foram indiciadas pela PF, incluindo ex-executivos do Panamericano e da Caixa. O apresentador sempre negou ter conhecimento sobre as irregularidades.