‘Sim à Igualdade Racial’: ativista indígena Txai Suruí vence prêmio de influenciadora e representatividade digital

Para a ativista, o prêmio serve para "disseminar a pauta antirracista" e reflete sua própria trajetória de luta e resistência (Arte: Catarine Hak/CENARIUM)
Iury Lima – Da Revista Cenarium 

VILHENA (RO) – Txai Suruí, liderança e ativista indígena de Rondônia, a primeira de seu povo, os Paiter Suruí, a cursar a faculdade de Direito, continua quebrando velhos estereótipos e ocupando espaços ainda pouco frequentados pela maioria dos integrantes de povos originários do País. A jovem de 25 anos recebeu mais um importante troféu neste último fim de semana, sendo escolhida como destaque em ‘Influência e Representatividade Digital’, do Prêmio ‘Sim à Igualdade Racial 2022’. 

“Eu estou muito, muito, muito feliz de ser o destaque deste ano”, reagiu a ambientalista no telão da cerimônia transmitida no último sábado, 28, pelo canal Multishow, na TV, e pelo YouTube do Instituto Identidades do Brasil (ID BR), organização idealizadora. “É muito especial e eu me sinto muito honrada”, continuou Txai Suruí.

Na visão dela, o evento serve para promover um importante – e necessário – debate à nação. “Eu gostaria de agradecer ao ID BR pelo prêmio e, também, por levar a pauta antirracista nesse Brasil, que ainda não valoriza e nega suas origens, que ainda diz ‘não existir racismo’”, acrescentou.

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No telão do evento, Txai se diz honrada com a premiação e defende disseminação da ‘pauta antirracista’ (Reprodução/ID BR/Prêmio Igualdade Racial)

Da Amazônia para o mundo

Foi essa personalidade singular, um jeito calmo de falar sobre assuntos tão delicados e urgentes, além de bastante paciência para ensinar a sabedoria milenar de um povo inteiro da Amazônia, que fizeram líderes de todo o globo silenciarem, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, no ano passado.

Falando em inglês, foi a jovem indígena de Rondônia quem representou o Brasil, quando o presidente da República, Jair Bolsonaro, não o fez. Daí, Txai ascendeu no ativismo ambiental, se tornou falada e, de fato, ouvida, no mundo todo. 

“Que através da nossa luta, a gente consiga construir e alcançar um mundo sem desigualdades sociais, com igualdade de gênero, sem racismo e sem opressões”, é como descreve, ela própria, sua trajetória de luta e resistência – que já renderam dois prêmios.

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Txai já havia sido anunciada, bem antes, em 18 de maio, como integrante do grupo de finalistas (Reprodução/Instagram Txai Suruí)

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É com esta abordagem que Txai se destaca nas redes sociais. Ela denuncia irregularidades, com a invasão de fazendeiros e desmatadores em Terras Indígenas (TIs); cobra justiça por assassinatos de ambientalistas, como foi com a morte do amigo de infância Ari Uru-Eu-Wau-Wau, há dois anos sem resposta. Por meio das redes, também escreve sobre racismo estrutural e racismo ambiental.

Por esses e outros fatores, o Prêmio Sim à Igualdade Racial não é uma surpresa. Txai já havia sido anunciada, bem antes, em 18 de maio, como integrante do grupo de finalistas.

Filha do grande líder Almir Suruí, Txai é coordenadora da Associação de defesa Etnoambiental Kanindé, instituição presidida por sua mãe, a indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo. A jovem liderança também é idealizadora de uma importante organização de promoção ao ativismo, o Movimento Juventude Indígena de Rondônia, criado em 2021.

Igualdade Racial

Planejado e promovido pelo Instituto ID BR, o troféu é a maior premiação que reconhece e mapeia iniciativas, pessoas e empresas que atuam em prol da igualdade racial, no Brasil. Só nos últimos quatro anos, o prêmio recebeu mais de 40 indicações e destacou 190 finalistas.

Neste ano, além de uma estatueta com a obra “Mad World”, do artista plástico Vik Muniz, os vencedores de 8 categorias ganharam uma quantia em dinheiro para apoiar seus projetos. 

Além de Txai Suruí, outras duas figuras do ativismo indígena foram reconhecidas em 2022: a deputada federal, Joênia Wapichana (Rede/RR), na categoria de ‘Inspiração’ e a empreendedora Watatakalu Yawalapiti, em ‘Trajetória e Empreendedorismo’.

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