Skate volta à Olimpíada de Tóquio com a categoria park; veja a diferença para o street

Atletas do Skate Park (CBSK/Julio Detefon)

Com informações do O Globo

MANAUS – O skate está de volta aos Jogos Olímpicos! Após as medalhas de prata de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal na modalidade street, é a vez do park entrar em ação. Nesta terça-feira, são as mulheres que entram na pista com Dora Varella, Yndiara Asp e Isadora Pacheco, com classificatória marcada para as 21h (de Brasília) e a final à 0h25. Porém, cabe ao torcedor saber que o formato e as regras são diferentes do que estamos acostumados.

“Minha meta é me divertir e mostrar para o mundo o quanto é legal andar de skate. A pista é perfeita e estou muito confiante. Se a medalha vier, será incrível”, diz a paulista Dora Varella, 20 anos.

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Diferentemente do street, que são elementos de rua como corrimãos e escadas, o park é um espécie de bacia de concreto. O formato é um derivado do radical; o movimento começou no fim dos anos 1960, nos Estados Unidos, onde as piscinas das residências tinham bordas arredondadas. Aqui, não há tanta necessidade de flexionar e as quedas são maiores.   

“O street é basicamente você pegar o seu skate e andar em qualquer lugar. Até mesmo dentro de casa, como eu andava. É sentir o vento na cara, remando na rua, pulando escada, descendo corrimão. Já o park é uma modalidade nova, que foi uma junção do vertical, que é aquela forma de U; com o bowl, que é a tigela; e o street”, explica Kelvin Hoefler, medalhista de prata pelo Brasil no street em Tóquio.

Também há mudanças na regra. No park, são apenas três notas, que serão conquistadas em três voltas de 45 segundos. As oito que tiveram as maiores avaliações, avançam para a decisão. Depois, as notas são zeradas e o formato se repete para definir quem será o medalha de ouro. No street, eram sete notas divididas em duas voltas e cinco manobras.

Como funciona o skate park?
  • 20 atletas na classificatória.
  • Três voltas de 45 segundos.
  • A maior nota é válida para classificação.
  • Os oito melhores vão à final.

No park feminino, as japonesas lideram o ranking com Misugu Okamoto, em primeiro lugar, e Sakura Yosozumi em segundo. A britânica Sky Brown, de apenas 12 anos, completa o terceiro lugar. No park masculino, o líder é o americano Heimana Reynolds, seguido dos também norte-americano Cory Juneau. O brasileiro Luiz Francisco está em terceiro lugar.

Além de Luiz, o Brasil é representado no categoria masculina com Pedro Barros (4º colocado no ranking mundial) e Pedro Quintas (10º). Entre as representantes mulheres estão Dora Varela (9º no ranking mundial), Isadora Pacheco (11º) e Yndiara Asp (14º).

“No masculino temos três caras incríveis e com um estilo de skate bem diferente um do outro. Agora no feminino, cada uma tem seu pontinho especial. A Isa tem um estilo de fluidez absurda nas linhas, se preparem pra ver uns aéreos lindos. A Dora é muito técnica e tem andado muito de half ultimamente, tem uma bagagem de manobras novas que vai surpreender. E a Yndi ao mesmo tempo que ela é leve andando de skate, ela tem um estilo agressivo”, conta Bia Sodré, skatista profissional e especialista do GLOBO.

Quem são os brasileiros?

  • Dora Varela, 19 anos, número 9 do mundo

O esporte radical entrou na vida de Dora Varella quando ela tinha 10 anos e pediu de Natal um skate para a avó. Brincando no quintal de casa durante as férias, teve seu talento rapidamente notado pelo pai, que achou por bem incentivar a menina e levá-la para uma pista. No TikTok, viralizou ao postar um vídeo gravado na mega rampa de Bob Burnquist, onde dropa mais de 10 metros de altura. O vídeo conta com 60,5 milhões de visualizações.

Atleta Dora Varela (CBSk/Julio Detefon)
  • Isadora Pacheco, 16 anos, número 11 do mundo

Aos 5 anos, Isa Pacheco entrou em uma loja com os pais para escolher o presente de Dia das Crianças quando se deparou com um skate: foi amor à primeira vista. As primeiras aulas aconteceram em uma pista na rua de sua casa, em Florianópolis. Aos 16 anos, a estudante do ensino médio já declarou que deseja cursar Educação Física na faculdade, depois de representar o Brasil na Olimpíada de Tóquio.

Atleta Isadora Pacheco (CBSk/Julio Detefon)
  • Yndiara Asp, 23 anos, número 14 do mundo

Por pouco Yndiara Asp não escolheu ser professora de Educação Física. Foi a separação dos pais que mostrou o caminho a seguir: o skate virou refúgio na adolescência e hoje é profissão que vai levá-la para a Olimpíada. Queria enfrentar o medo, como ela mesmo conta. O primeiro contato com o esporte foi antes disso, aos 7 anos, quando ganhou um skate de presente do pai e foi incentivada pelo irmão mais novo a praticar. Ayrton Senna e Kobe Bryant são os ídolos da atleta, que também pratica surfe e é fã de Harry Potter.

Atleta Yndiara Asp (CBSk/Julio Detefon)
  • Luiz Francisco, 21 anos, número 3 do mundo

Luiz Francisco começou a praticar skate com apenas 5 anos. Ele se interessou pelo esporte ao ver um primo treinando nas ruas próximas a sua casa. No início, sua mãe, dona Enilda, não queria que ele se tornasse um skatista. Quem lhe deu o primeiro skate foi a avó. Nas pistas, sua maior motivação é a possibilidade de “voar alto”, o que já lhe rendeu muitas manobras e tombos. De tão empolgado com a chance de disputar uma Olimpíada, Luizinho, como é também conhecido por amigos e fãs, tatuou “Tóquio 2020” na perna.

Atleta Luiz Francisco (CBSk/Julio Detefon)
  • Pedro Barros, 26 anos, número 4 do mundo

Com apenas 3 anos, por influência do pai, André, que também é skatista, Pedro Barros começou a aprender as primeiras manobras. Hoje é apontado como o sucessor de Sandro Dias e Bob Burnquist como o principal representante do país na modalidade Bowl. Além do skate, não esconde sua paixão pelo Avaí, time de futebol de sua cidade natal. É protagonista da série “Enjoy the Ride”, lançada este ano, que narra a sua trajetória.

 Atleta Pedro Barros (CBSk/Julio Detefon)
  • Pedro Quintas, 19 anos, número 10 do mundo

Um dos novos talentos da modalidade no Brasil, Pedro Quintas começou a praticar aos 3 anos, quando ganhou um skate da tia. Mais tarde, quando seu irmão nasceu, o pai passou a levá-lo a uma pista perto de casa para distraí-lo, enquanto sua mãe cuidava do bebê. Dali para fazer aulas foi um pulo. Em 2018, Pedro sofreu uma ruptura parcial no ligamento cruzado posterior do joelho direito e chegou a ficar 45 dias sem andar, mas conseguiu se recuperar a tempo de garantir uma vaga olímpica.

— Foto: CBSk / Julio Detefon
Atleta Pedro Quintas (CBSk/Julio Detefon)

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