‘Só tem uma saída: ser preso’, diz Lula sobre denúncia contra Bolsonaro


Por: Ana Pastana

20 de fevereiro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (Composição: Lucas Oliveira/CENARIUM)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (Composição: Lucas Oliveira/CENARIUM)

MANAUS (AM) – O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou durante uma entrevista para a rádio Tupi do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira, 20, que “se for provado, ele [Bolsonaro] só tem uma saída: ser preso“. A declaração aconteceu após Lula ser questionado pelo jornalista Sidney Rezende, âncora do jornal, se o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) será condenado e preso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula afirma que caso as investigações comprove a participação do ex-presidente Bolsonaro e de outras 33 pessoas que foram denunciadas pelo procurador-geral, Paulo Gonet, ao STF por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, a única saída é ser preso. O mandatário classifica a denúncia como “muito grave”.

O que eu vi pela denúncia que foi publicada ontem [quarta-feira, 19], é que é grave, é muito grave. Outro dia eu estava dizendo que o Partido Comunista Brasileiro [PCB] foi perseguido durante quase 50 anos sem ter feito 10% do que a equipe do ex-presidente tentou fazer nesse país. Se for provado a denúncia feita pelo procurador-geral [Gonet] da tentativa de golpe, da participação do ex-presidente, do escalão de primeiro grau dele, da tentativa de morte de um ministro da suprema corte eleitoral, da tentativa de assassinato do presidente da República e do vice-presidente, é uma coisa extremamente grave. Eu tenho certeza que se for provado, ele só tem uma saída, ser preso“, disse Lula.

Veja a declaração:
A denúncia

O ex-presidente Bolsonaro foi denunciado ao STF, nessa terça-feira, 18, pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, por envolvimento em uma trama golpista, após perder as eleições de 2022, para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).

Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, dividiram cargos e definiram funções estratégicas dentro do plano para um golpe de Estado, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Documentos e depoimentos revelam que a dupla organizou a distribuição de postos-chave na trama para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter Bolsonaro no poder.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (Composição de Lucas Oliveira/CENARIUM)

A denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao Supremo Tribunal Federal (STF), detalha minuciosamente como se deu a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no plano, um dos crimes pelos quais ele foi denunciado junto com mais 33 pessoas, em sua maioria militares das Forças Armadas.

De acordo com Gonet, “a organização tinha por líderes o próprio presidente da República e o seu candidato a vice-presidente, o general Braga Netto”, ressaltando que ambos “aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal como atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos poderes e do Estado de Direito democrático”.

Derrubada de sigilo

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, decidiu nessa quarta-feira, 19, derrubar o sigilo dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid na colaboração premiada com a Polícia Federal (PF). A delação do militar foi um dos principais elementos para o avanço da investigação da PF sobre a trama golpista desenrolada pelo ex-presidente Bolsonaro e aliados no fim de 2022.

Alexandre de Moraes e Mauro CId (Composição: Lucas Oliveira/CENARIUM)

“A manutenção geral do excepcional sigilo da colaboração premiada não mais se justifica na preservação ao interesse público, pois não é mais necessária, nem para preservar os direitos assegurados ao colaborador, nem para garantir o êxito das investigações”, diz o ministro.

Moraes também notificou as defesas dos denunciados a apresentarem as manifestações sobre a denúncia da PGR no prazo de 15 dias.

Leia mais em: Denúncia da PGR coloca Bolsonaro na trama do golpe desde 2021

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