Oficina de Cinema ensina integrantes de diversas etnias a retratar seu universo (Ricardo Oliveira/Rede Cenarium Amazônia)
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13 de dezembro de 2023
Paulo Moura – Especial para a Revista Cenarium Amazônia
MANAUS – Indígenas que moram em Manaus apresentam seu dia a dia em curtas-metragens. Nos filmes, a produção é integralmente deles, com a independência para mostrar ao mundo suas lendas, cultura, rotina e projetos de vida. O material é resultado da Oficina de Cinema coordenada por um especialista na área, o cineasta e oficineiro Diogo Ferreira.
Segundo o cineasta, a proposta da oficina, realizada por meio do Edital Manaus Faz Cultura, é corrigir uma falha no processo de ensino-aprendizagem que prejudicou o relato histórico desses povos. “A história desses povos, na maioria das vezes, foi contada pelo olhar dos ‘de fora’, o olhar do colonizador, o que torna necessário que seja contada, feita e refeita pelo olhar da sua própria comunidade. É nesse viés que surge a Oficina de Cinema Olhar Indígena, que busca capacitar os membros das comunidades indígenas locais”, explicou Diogo.
Nas duas oficinas realizadas na primeira edição, no Parque das Tribos, localizado no bairro Tarumã, e na Waikiru, situada na Redenção, os alunos aprenderam os conceitos básicos de cinema e a produzir curtas-metragens, tendo noções de como atuar na direção de cena, direção de fotografia, direção de arte e produção de roteiro.
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Ao final das aulas, que contaram com 50 alunos de diversas etnias, foram produzidos cinco curtas-metragens com temas variados. Os participantes assistiram aos seus trabalhos e debateram sobre as dificuldades de execução, enfatizando a mensagem principal dos filmes.
Na segunda edição, a primeira oficina foi realizada na aldeia Três Unidos, no Rio Cuieiras, comunidade ribeirinha de Manaus, no período de 11 a 13 de novembro. A estiagem impediu o cumprimento da programação da realização da segunda oficina, numa comunidade ribeirinha do Tarumã-Açú. Tão logo o nível do rio permita a navegabilidade, os integrantes da oficina retomarão as atividades.
A capacitação na produção audiovisual, além de contribuir para a formação de futuro cineastas, também pode auxiliar na economia das aldeias ao divulgar as belezas naturais, comidas típicas e recepção calorosa dos indígenas. O etnoturismo terá mais chance de despontar a partir das produções elaboradas por quem mora no local.
Oficineiros
O cineasta Diogo Ferreira é produtor e o oficineiro. Ele tem mais de dez anos de carreira e 15 filmes produzidos, entre documentários e ficções, exibidos e premiados nacional e internacionalmente. A teatróloga Vitória Silva participa como assistente de produção; Mayara Alves como assistente de mídias e a assessoria de imprensa é de Paulo Moura.
A equipe desenvolve o projeto se atendo a técnica e sendo imparcial quanto ao conteúdo. “A gente vê muita gente que faz filme com indígena, mas traz esse olhar de fora, de cima, não é o olhar de um indígena, é um olhar de fora para dentro. O que eu quero é o inverso. Quero que o indígena aprenda a fazer cinema e leve o seu olhar para a tela. O seu ponto de vista. Não ser apenas um instrumento para filmes que vem com tudo pronto de fora. Que por meio desse aprendizado mostrem sua cultura, suas histórias, o que pensam”, finalizou Diogo.
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