Sob pressão, Bolsonaro reúne 18,3 mil pessoas em ato esvaziado no RJ
Por: Jadson Lima
16 de março de 2025
MANAUS (AM) – Dados de um levantamento realizado pela Universidade de São Paulo (USP) mostram que o ápice do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Copacabana, no Rio de Janeiro, reuniu cerca de 18,3 mil pessoas. O ex-mandatário discursou aos apoiadores neste domingo, 16, para pedir anistia pelos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ataque às sedes dos Poderes da República em 8 de janeiro de 2023.
De acordo com calculo realizado a partir de imagens aéreas analisadas com sistema de inteligência artificial, os pesquisadores da USP apontam que o ápice do evento foi registrado por volta de 12 horas. Os registros foram feitos pelo grupo “Monitor do Debate Político no Meio Digital”. Para a análise, 66 fotos foram registradas às 10h, 10h30, 11h30 e 12h. Dos últimos registros, os pesquisadores selecionaram seis fotos da dimensão do protesto.

O resultado da análise, comparado com um outro estudo do grupo realizado na manifestação convocada por Bolsonaro em 21 de abril de 2024, mostram que houve uma redução de mais de 44% em relação ao comparecimento no último ato. Naquela época, Bolsonaro reuniu cerca de 32,7 mil, conforme dados dos pesquisadores da USP.
Para um dos coordenadores do estudo, Pablo Ortellado, essa foi uma manifestação pequena para os padrões de mobilização do bolsonarismo. Em entrevista ao jornal O Globo, ele afirmou que embora o registro tenha sido menor que nos outros atos, ainda não é possível cravar um sinal de enfraquecimento do bolsonarismo em torno do ex-presidente no Estado. O especialista destaca que a mobilização foi muito tumultuada por causa dos diferentes temas durante a convocação.
Os cálculos deste domingo, os registros tirados do local do protesto foram aplicados no método Point to Point Network (P2PNet), um sistema que permite a identificação da quantidade de pessoas por meio de cabeças. O método tem 72,9% de precisão, além de uma acurácia de 69,5% na identificação de pessoas. O erro percentual absoluto médio é de 12%, para mais ou para menos, em imagens aéreas com mais de 500 pessoas.
Bolsonaro fala em armadilha
Durante o discurso no ato, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que as pessoas que invadiram as sedes do Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023 e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) foram “atraídas por uma armadilha”. Até fevereiro deste ano, o STF condenou 480 pessoas. No total, os atos golpistas resultaram em denúncias contra 1.687 envolvidos.

No trio elétrico, diante de milhares de apoiadores, Bolsonaro fez a defesa dos presos e condenados por depredarem os prédios dos Poderes em Brasília, após passarem mais de dois meses em frente aos quarteis do Exército Brasileiro (EB) pedindo intervenção militar para manter o ex-presidente no poder. Na época, o ex-presidente ficou em silêncio enquanto os manifestantes passavam dias em frente aos quartéis.
“Quem foi a liderança dessas pessoas? Não tiveram. Foram atraídas para uma armadilha. Até o presidente da República, que costuma acordar tarde durante a semana, acordou cedo domingo e foi para Araraquara (SP). Outro dia conversei com um colega de Israel e ele falou: Que golpe foi esse? Quando se há uma tentativa de golpe pelo mundo, em poucos minutos o mundo todo toma conhecimento. Mas qual o objetivo deles? O que eles querem? Todas as narrativas contra mim foram para o espaço”, disse Bolsonaro.
Governador de SP fala em pacificação
Um dos governadores que marcaram presença no ato deste domingo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que comanda o Estado de São Paulo, discursou no trio elétrico e condicionou a pacificação do País à anistia dos condenados, para que o Brasil volte a tratar de temas nacionais. Ele falou em pedir apoio a um projeto de lei que em tramitação no Congresso Nacional para conceder perdão aos envolvidos nas invasões.

“É correto que a gente garanta a anistia para os inocentes que nada fizeram. Nós vamos lutar e garantir que esse projeto (de lei em tramitação no Congresso Nacional) seja pautado e aprovado. Quero ver quem vai ter coragem de se opor e pode ter certeza que nós vamos conseguir os votos. Nós vamos conseguir cuidar dessas pessoas. A gente precisa passar isso a limpo para que a gente tenha a pacificação e possamos nos dedicar aos temas nacionais”, disse Tarcísio ao lado de Bolsonaro.