‘Sou filha de um povo guerreiro, nasci preparada pra tudo’, diz Mari Wapichana, candidata ao Miss Indígena Brasil

Mari é natural da cidade de Alto Alegre, moradora da comunidade “Raimundão”, em Roraima. (Reprodução/ Instagram)

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Vencedora do primeiro concurso de beleza voltado a mulheres indígenas – o Miss Indígena de Roraima, realizado em setembro deste ano – Mari Williams agora se prepara para disputar o Miss Indígena Brasil, previsto para acontecer em março de 2022, ainda sem local definido. Com 18 anos e pertencente à etnia Wapichana, a jovem se diz ansiosa para sentir, mais uma vez, as emoções vividas durante a disputa pelo título que, para ela, vai muito além da valorização da beleza.

“Esse concurso para mim não se trata apenas de mostrar a beleza, ele tem um significado muito forte. Foram anos tentando ganhar espaço para ecoar a voz do meu povo que tanto tentam calar e o Brasil precisa conhecer a força da mulher jovem, indígena e roraimense. Eu me dedicarei ao máximo para representá-las ao nível que merecem”, conta a Wapichana.

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Atualmente, a indígena é professora da comunidade onde reside. (Reprodução/ Instagram)

Mari Williams ou “Baydukuryaba”, nome de batismo da miss vencedora, é natural da cidade de Alto Alegre, moradora da comunidade “Raimundão”. Após conquistar a faixa e a coroa de miss, a rotina enquanto professora daquela região mudou. Mari conta que, agora, adapta as novas responsabilidades à profissão que escolheu para a vida.

“Tudo mudou, as responsabilidades chegaram em peso. Vários compromissos, inclusive, muitos deles não posso atender por exercer essa missão de lecionar, que é uma das minhas maiores prioridades. Amo o que faço e eles entendem também que foi o concurso que me proporcionou espaço para levar, até mesmo, nossas reivindicações e obtendo resultado positivo para todos”, revela.

Leia também: Representatividade: concurso elege primeira Miss Indígena de Roraima

Sonho e trajetória

Mesmo com a paixão pelo ensino e educação, a roraimense afirma sempre ter sonhado em participar de concursos que valorizassem a beleza, força, costume e tradições indígenas. De estatura média e corpo com curvas de uma “mulher real”, a indígena vencedora quase desistiu do concurso, por conta dos comentários maldosos sobre seu corpo e origem.

Durante a participação no Miss Indígena Roraima, a jovem mostrou que não é preciso obedecer às normas do mercado da estética para ser bonita e se tornar miss. Com foco na valorização cultural, a candidata, assim como as outras participantes, foi analisada pela desenvoltura, respostas nas rodadas de perguntas e representação cultural do povo que representava.

Candidata pertence à etnia Wapichana. (Reprodução/ Instagram)

Filha de mãe Macuxi e de pai Wapichana, ela reconhece que o próximo desafio será maior, porém afirma que sua vontade de vencer também é grande, assim como tem sido toda a trajetória percorrida até o momento. “Temos uma longa jornada, irei me aperfeiçoar, estudar, treinar e ir em busca da superação dos meus limites para que eu possa trazer esse título para o meu Estado”, destaca a candidata que complementa:

“As minhas intenções são as melhores, carrego em mim a força da mulher indígena, guiada sempre sob a luz dos meus ancestrais, e o que ocorre é um mix de sentimentos, principalmente de gratidão. É um sonho de menina que eu vou realizar, e já estou realizando, a responsabilidade é enorme, eu me sinto muito orgulhosa de ver toda a minha trajetória até aqui”, celebra Mari.

Assista ao vídeo:

A candidata fala sobre o Miss Indígena Brasil. (Reprodução/ Instagram)
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