STF detecta descumprimento de determinações judiciais do Governo Bolsonaro para proteção aos Yanomami


26 de janeiro de 2023
Segundo comunicado do Supremo, com informações do gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, sobre a situação dos Yanomani, desde 2020 o STF deu várias decisões para se adotar providências em favor dos indígenas (Lalo de Almeida/Folhapress)
Segundo comunicado do Supremo, com informações do gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, sobre a situação dos Yanomani, desde 2020 o STF deu várias decisões para se adotar providências em favor dos indígenas (Lalo de Almeida/Folhapress)

Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) detectou que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro descumpriu decisões judiciais em relação ao plano de proteção da Terra Indígena Yanomami (TIY) e indícios de prestação de informações falsas à Justiça. Além disso, afirmou nesta quinta-feira, 26, que haverá processo legal para punição caso sejam identificados os responsáveis.

Segundo comunicado do Supremo, com informações do gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, sobre a situação dos Yanomani, desde 2020 o STF deu várias decisões para se adotar providências em favor dos indígenas, como medidas de enfrentamento da Covid-19, ordens para se executar um plano de expulsão de invasores mediante à presença ilegal de garimpeiros e madeireiros e a adoção imediata de medidas “necessárias à proteção da vida, da saúde e da segurança das populações indígenas que habitam” o território Yanomami.

Intimada, a União disse ter realizado ações de vigilância alimentar e nutricional, de saúde em geral e de enfrentamento à malária junto ao povo Yanomami, segundo o STF, e declarou a realização de diversos ciclos de “operações de repressão ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami”.

Crianças Yanomami em estado de desnutrição (Lalo de Almeida/Folhapress)

“Contudo, segundo informações dos processos, as operações, sobretudo, as mais recentes, não seguiram o planejamento aprovado pelo STF e ocorreram com deficiências”, afirmou o Supremo.

“O STF detectou descumprimento de determinações judiciais e indícios de prestação de informações falsas à Justiça que serão apuradas. Em caso de identificação dos responsáveis, sofrerão o devido processo legal para punição”, completou.

Uma fonte do STF confirmou que o foco da manifestação se refere às falhas na atuação do Governo Bolsonaro para proteger os indígenas.

Desde o final de semana, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve, pessoalmente, na região, a nova gestão federal deflagrou uma série de ações para tentar reverter a grave crise sanitária e humanitária dos Yanomami, em especial, das crianças.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que há “fortes indícios” do crime de genocídio e, a seu pedido, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar a situação e punir responsáveis.

Nos quatro anos do Governo Bolsonaro, 570 crianças Yanomami morreram de doenças curáveis, principalmente, desnutrição, mas também de malária, diarreia e malformações causadas pelo mercúrio nos rios, segundo a plataforma de jornalismo amazônico Sumaúma, com base em dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI).

A reserva é invadida por garimpeiros ilegais há décadas, mas as incursões se multiplicaram depois que Bolsonaro tomou posse, em 2018, prometendo permitir a mineração em terras indígenas, anteriormente protegidas, e se oferecendo para legalizar o garimpo.

(*) Com informações da Folhapress

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