STF inicia sustentações no julgamento sobre marco temporal indígena


01 de setembro de 2021
STF inicia sustentações no julgamento sobre marco temporal indígena
Votação no STF está empatada em 1x1 (Léo Otero/Mobilização Nacional Indígena)
Cassandra Castro – Da Cenarium

BRASÍLIA – O julgamento da tese do marco temporal pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) teve continuidade nesta quarta-feira, 1º, e contou com as sustentações orais tanto da comunidade indígena e instituições, que apoiam a causa dos povos originários, quanto da União. A matéria abriu a apreciação que pode definir o futuro dos povos indígenas que continuam mobilizados em Brasília para acompanhar o desfecho do caso que é de repercussão geral.

Um dos que fizeram a sustentação oral durante a sessão do STF foi o coordenador jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Eloy Terena. Na fala, o advogado destacou a amplitude da presença indígena no Brasil e afirmou que “adotar o marco temporal é ignorar toda a violação de direitos e violência com as quais os povos indígenas foram atingidos”. O representante da Apib também enfatizou que demarcar terra indígena é um imperativo constitucional.

Outra manifestação a favor dos povos originários foi feita pela advogada e indígena Pataxó, Samara Carvalho Santos, que falou em nome do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), Estado onde existem 27 povos indígenas. A advogada falou sobre o histórico de violações e imposições sobre as comunidades tradicionais e ressaltou que “o marco temporal vai de encontro a pilares que são caros ao Estado Democrático de Direito”.

Engessamento

Além de representantes de entidades e movimentos ligados à causa indígena, as manifestações contrárias ao marco temporal também foram feitas pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), que também representava a solidariedade de mais outras 63 associações científicas, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e o Estado do Amazonas, representado pelo procurador do Estado, Daniel Pinheiro Viegas.

Viegas disse que o Amazonas não poderia ter outro posicionamento a não ser o da não aplicação do marco temporal e afirmou que a tese, caso aprovada pelos ministros do STF, “engessará não apenas os povos indígenas, mas também a possibilidade de solução de conflitos territoriais”.

Nesta quinta-feira, 2, a partir das 14h, prosseguem as sustentações orais das partes para, logo em seguida, ter uma manifestação do procurador-geral da República, Augusto Aras. Após a fala do procurador, o relator da matéria, ministro Edson Fachin, irá apresentar seu voto e o processo de votação prossegue com os demais ministros.

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