Surto de gripe chega a São Paulo com vírus que escapa da vacina

Cepa que causou epidemia no Rio de Janeiro provoca alta de internações na capital paulista. (Folhapress)

Com informações da Folha de São Paulo

SÃO PAULO – O vírus influenza A H3N2, o mesmo associado à epidemia de gripe Rio de Janeiro, está circulando na cidade de São Paulo e já provoca aumento de atendimentos nos prontos-socorros e internações.

Segundo a infectologista Nancy Bellei, professora da Unifesp e coordenadora da testagem do Hospital São Paulo, entre segunda (13) e terça (14), já são nove pessoas hospitalizadas com o H3N2. Em uma semana, são 19 casos de internações. Ano passado, de março a junho, período de pico da gripe, foram 12 casos.

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“Nós estamos numa epidemia de H3N2, não tenho dúvidas disso. No consultório, estou atendendo vários casos, minha filha teve, vários amigos dela tiveram”, afirma a médica.

O virologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury, também diz que aumentou o diagnóstico do H3N2 nas amostras analisadas, mas ainda não tem um número fechado. “Foi o que aconteceu no Rio. Lá aumentou mais de dez vezes a positividade nos exames [para o H3N2]. Agora tá chegando aqui.”

Embora a vacina contra a gripe usada no programa de imunização tenha na sua composição a cepa H3N2, não é a mesma que circula agora no Rio e em São Paulo. Essa, chamada de Darwin [cidade na Austrália onde ela foi identificada pela primeira vez], não está coberta pela atual vacina.

“Todos os anos a gente muda a receita da vacina [contra o H3N2]. Para 2022, a OMS [Organização Mundial da Saúde] já mudou. Será a influenza A H3N2 Darwin. É a cepa que a Fiocruz identificou no surto do Rio”, explica Nancy Bellei.

Celso Granato diz que, mesmo que a vacina tivesse a cepa Darwin, a imunização contra vírus respiratório não dura mais do que seis meses. “É um surto extemporâneo. A gente não tem surto em dezembro. Juntou tudo: a vacina que não protege muito, tomada há mais de seis meses, e as pessoas que estão deixando de usar máscaras, estão se aglomerando.”

Tanto Granato quanto Bellei dizem que o melhor a ser feito é as pessoas continuarem usando máscaras e evitando aglomerações.

“Do ponto de vista biológico, não vale a pena orientar as pessoas a se revacinarem. Vale a pena usar máscara, mantendo o distanciamento. São as mesmas recomendações para prevenir a Covid”, afirma a médica.

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