Suspeito de mandar matar músico em Manaus é sargento da Polícia Militar e tem arsenal de armas

MANAUS (AM) – Operação do Ministério Público do Amazonas (MPAM) junto à Polícia Civil e o Exército prendeu, nesta quarta-feira, 1º, o sargento da Polícia Militar Saimon Macambira Jezini, suspeito de mandar matar o músico Eduardo Oliveira, conhecido como “Du Barranco”, em Manaus. A “Operação Desbarranco” cumpriu um mandado de prisão e nove mandados de busca e apreensão, com apreensão de grande quantidade de armas em endereços ligados ao suspeito.

De acordo com o MPAM, o crime investigado é a tentativa de homicídio contra o cantor e a filha dele, uma criança de 4 anos que também foi vítima de tiros na noite do dia 9 de agosto. O músico foi atingido, a criança foi baleada no tórax e ficou em estado grave, mas sobreviveu após atendimento médico. A motivação do crime ainda não foi informada.

O promotor de Justiça Daniel Amazonas, da 61ª Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial e Segurança Pública (61ª Proceapsp), explicou que a tentativa de homicídio tinha como alvo direto o cantor e envolveu pelo menos duas pessoas, ambos policiais militares. Após a prisão do suspeito de ser o executor, em 17 de agosto, chegou-se ao autor intelectual do crime.

“Ali [depois do crime] iniciou-se a investigação e descobriu-se que o executor do crime era policial militar e que havia uma linha de investigação de que o mandante do crime também seria policia militar. O executor informou que o advogado que o defenderia seria providenciado pelo, hoje que nós sabemos, ser mandante do crime. Então, pelo fato de os dois serem policiais militares, o Ministério Público começou uma linha de investigação também em relação ao mandante do crime“, declarou.

Os mandados foram cumpridos em sete endereços ligados ao suspeito de ser o mandante do crime, incluindo dois estandes de tiro na capital amazonense. Uma grande quantidade de armas foi apreendida — muitas em quantidade superior ao permitido por lei — como pistolas, revólveres, espingardas, fuzis e munições. Entre os objetos apreendidos está parte de uma arma que acredita-se ter sido usada no crime.

O promotor Armando Gurgel, da 60ª Proceapsp, destacou que a operação é resultado do acompanhamento do Ministério Público sobre as apurações da Polícia Civil quanto à relação da atividade policial dos suspeitos com os crimes cometidos.

“Nós estamos aqui para garantir que os controles internos funcionem e, independentemente disso, nós também fazemos investigações independentes, sempre que isso for indicado como necessário, principalmente em crimes mais graves, utilizando arma de fogo, crimes de morte, crimes de violência sexual, desaparecimento forçado de pessoas, todas essas situações previstas, inclusive em resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público, nós já temos uma atuação obrigatória quando há agentes de segurança pública envolvidos”, enfatizou o promotor.

Após a prisão, o sargento da Polícia Militar Saimon Macambira Jezini foi encaminhado ao 23° Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde será ouvido. Depois, ficará à disposição da Justiça. Após a conclusão do inquérito policial, uma denúncia deverá ser apresentada à Justiça, que poderá ser aceita ou não. Se aceita, os suspeitos viram réus pelos crimes apontados na investigação policial.

O crime

O crime ocorreu na noite de sábado, no bairro Parque 10 de Novembro, Zona Centro-Sul de Manaus, após um show do músico Dubarranco em um bar na avenida Maneca Marques. Após a esposa e a filha buscarem-no, o carro em que os três estavam foi alvejado por disparos de arma de fogo.

Conforme o Boletim de Ocorrência (B.O), os atiradores chegaram em uma motocicleta de cor branca e efetuaram diversos disparos contra o veículo da vítima, atingindo o homem nas mãos e braços e a criança no tórax. Os dois foram conduzidos a uma unidade hospitalar da cidade para receberem atendimento médico. Dubarranco passou por procedimento cirúrgico e a criança ficou em estado grave, mas já está fora de perigo.