Talibã autoriza afegãs a frequentarem universidades, mas separadas dos homens

Jovens afegãs exiladas na Índia participam de manifestação contra o Talibã em Nova Délhi (JEWEL SAMAD/AFP)
Com informações do Infoglobo

CABUL — O Talibã prometeu, neste domingo, 29, que irá autorizar que mulheres afegãs frequentem universidades, mas separadas dos homens. Homens e mulheres jovens serão segregados nas escolas primárias e secundárias, o que já era comum em um País tão conservador como o Afeganistão.

“O povo do Afeganistão continuará tendo ensino superior de acordo com as regras da sharia (lei islâmica) que proíbe classes mistas”, disse neste domingo o ministro Abdul Baqi Haqqani, em uma assembleia com membros superiores, conhecida como Loya Jirga. O Talibã exige “a criação de um programa educacional razoável que seja consistente com nossos valores islâmicos, nacionais e históricos e, por outro lado, seja capaz de competir com outros países”.

Assim que tomou o poder, o grupo extremista disse que permitiria, sob certas condições, que as mulheres continuassem a trabalhar. Para ativistas, contudo, a retórica não passa de uma operação de propaganda de um regime que busca o reconhecimento internacional, e muitos se perguntam se eles cumprirão suas promessas. 

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Nenhuma mulher esteve presente na reunião de domingo em Cabul, que contou com a presença de outros altos funcionários talibãs.

O ministro do Talibã “falou apenas com professores e alunos do sexo masculino”, disse uma estudante que trabalhou na cidade universitária durante o último governo. Segundo ela, isso mostra “a prevenção sistemática da participação das mulheres nas decisões” e “a distância entre as palavras do Talibã e suas ações”.

O número de universitários aumentou nos últimos 20 anos de presença ocidental, especialmente entre mulheres que estudam com homens e participam de seminários ministrados por professores do sexo masculino. Mas uma série de ataques a centros educacionais nos últimos meses, resultando em dezenas de mortes, gerou pânico na população. O Talibã negou estar por trás dos ataques, alguns reivindicados pelo braço local do Estado Islâmico.

Enquanto esteve no comando do Afeganistão, entre 1996 e 2001, quando foi derrubado pela invasão americana após os atentados do 11 de setembro, o grupo fundamentalista aplicava no País uma versão ultraconservadora da lei islâmica. As mulheres eram proibidas de trabalhar fora de casa e de irem à escola a partir dos 10 anos.

Caso fossem à rua, as afegãs deveriam estar acompanhadas de um homem da família, e as punições por descumprirem as regras poderiam chegar ao apedrejamento público e execuções. Além disso, todas eram obrigadas a usar a burca, o véu que cobre o corpo da cabeça aos pés, incluindo todo o rosto. Desde que adentrou Cabul no domingo, efetivamente tomando o poder, o grupo vem prometendo que desta vez será diferente.

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