‘Talvez mate essa gente’, diz ministro da Saúde ao sugerir vermífugo contra quem defende liberação de drogas

Marcelo Queiroga chamou as pessoas que defendem a liberação das drogas de "vermes" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Com informações da FolhaPress

BRASÍLIA – O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chamou nesta quarta-feira, 27, as pessoas que defendem a liberação das drogas de “vermes” e sugeriu um vermífugo contra elas porque “talvez mate essa gente”.

“O Arnaldo [Correia de Medeiros, secretário do ministério] falou que o uso de drogas é uma das causas mais prevalentes da hepatite C. Nós somos contra o uso de drogas, embora haja pessoas que estão defendendo isso: liberação das drogas. Para esses vermes, nitazoxanida. Talvez mate essa gente”, afirmou.

A declaração ocorreu durante o lançamento da campanha nacional de combate às hepatites virais, em Brasília. A nitazoxanida é um antiparasitário conhecido também pelo nome comercial Annita. O vermífugo fazia parte do chamado kit Covid — conjunto de substâncias sem eficácia contra o coronavírus (que é um vírus e não um verme) e defendido pelo Governo Bolsonaro.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista coletiva, em Brasília, em abril deste ano (Adriano Machado/Reuters)

Há duas semanas, a cantora Anitta pediu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a legalização da maconha em um eventual novo governo. A artista declarou apoio ao petista para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante o evento desta quarta-feira, Queiroga também rebateu as críticas pela atuação do ministério no combate à varíola dos macacos (monkeypox) e à Covid-19 e, em tom de campanha, citou trechos da bíblia.

“Quer dizer que há três meses começamos a nos preparar para essa questão da monkeypox? E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, disse ressaltando que quatro laboratórios públicos fazem o diagnóstico da varíola dos macacos.

Na terça-feira, 26, a líder técnica para varíola dos macacos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Rosamund Lewis, disse em entrevista coletiva que “a situação do Brasil [para a doença] é preocupante”.

O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde), Nésio Fernandes, afirmou que a resposta do País à nova doença é “protocolar” e pode ser “insuficiente” nos próximos meses. Queiroga também rebateu as críticas feitas à elevada taxa de mortalidade de crianças por Covid-19 e ao atraso na vacinação infantil.

“‘Ah não, mas as crianças estão todas morrendo de Covid-19.’ Nesses últimos dois anos, a Covid-19, como uma pandemia, é a principal causa de óbitos. Os óbitos em crianças aconteceram, sobretudo, na primeira onda e na segunda onda. Depois houve a Ômicron, que também houve óbitos. Cai os casos, cai os óbitos. ‘Ah, a cada dois dias morre uma criança.’ Os óbitos foram concentrados nas ondas e nós estamos tomando as medidas”, disse.

“Vacinação de crianças de 5 a 11 anos. ‘Ah, o ministro atrasou as vacinas de 5 a 11 anos porque fez uma audiência pública.’ Imagina se tivesse feito uma audiência secreta. Porque foi pública para todo mundo ver. Foram lá e me denunciaram ao STF [Supremo Tribunal Federal]. Sabe o que aconteceu com a denúncia? Arquivada. Porque é um embuste”.

O Governo Bolsonaro desestimulou os pais a vacinarem os filhos e chegou a fazer uma audiência pública sobre o tema, mesmo após o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ao uso da vacina da Pfizer nas crianças de 5 a 11 anos.

Em dois anos, as mortes de crianças de até cinco anos por Covid-19 foram mais do que o triplo das causadas, em uma década, por outras 14 doenças que podem ter mortalidade evitada por vacinação e outras ações de saúde.

O ministro também afirmou que o ministério usou a família do personagem Zé gotinha nas campanhas de vacinação porque “o governo defende as famílias”, e encerrou sua fala com mais uma referência à bíblia.

“‘Ah, o ministério não tem campanha [de vacinação]’. Só com campanha de vacinação para a Covid-19 foram gastos R$ 175 milhões. ‘Zé totinha está aposentado, esconderam o Zé gotinha’. Tem uma família de Zé gotinha inteira. Vovô gotinha, vovó, mamãe, papai. Até porque este governo defende as famílias”.

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