Tarumã-Açu: colunas de espuma ‘denunciam’ poluição nas águas do igarapé em Manaus

O Plano permitirá, entre outras coisas, adequar as políticas públicas relacionadas à gestão dos rios, igarapés e águas subterrâneas do AM (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Náferson Cruz – Revista Cenarium

MANAUS – Embora a Cachoeira Baixa, localizada no bairro Tarumã-Açu, na zona Oeste, tenha sido um dos points de lazer mais frequentados de Manaus, até o início da década de 90, hoje, a situação no local está cada vez pior – de “cortar o coração”. O grau de poluição é tão elevado que colunas de espuma se formam ao longo de toda a extensão do igarapé.

A situação deixa consternado quem mora nas proximidades do local e quem já se banhou nessas águas como o comerciante Joílton Andrade. De acordo com ele, normalmente a espuma fica mais espessa no início da manhã e nos fins de tarde.

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O cenário insuflado de espuma foi registrado pela REVISTA CENARIUM e chamou atenção pela quantidade de espuma. Para o marceneiro Mauro Lima, 45 anos, apesar da cena ser corriqueira para quem mora no local, o descaso com o meio ambiente traz incômodo aos moradores.

“Quando eu era criança, brinquei muito nessa cachoeira, era muito bonita e vinham pessoas de todos os bairros, agora está nessa condição, totalmente imprópria para o banho”, comentou.

Espumas aparecem com frequência no início e final do dia nas águas do igarapé (Revista Cenarium/ Ricardo Oliveira)

A aposentada Maria Francisca Bentes, 69 anos, diz que a mancha de espuma que apareceu é consequência da poluição dos dias secos. Segundo a moradora, todos os anos, nesta mesma época, as espumas aparecem. “Já estou acostumada com isso, quando o rio começa a encher, as espumas aparecem. Quando o vento está forte, as espumas sobem. Isso fica assim por uns vinte dias e depois desaparece”, disse Maria, que mora no local há 30 anos.

Em uma das vezes que o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), regional Manaus, se posicionou sobre o assunto, informou que a formação de espuma dessa magnitude não é normal e, geralmente, são formadas pela quantidade em excesso de detergente na água. As colunas de espuma, segundo o CPRM, também podem ser formadas pela falta de oxigênio na água em função do igarapé que está raso, o que pode gerar excesso de bactérias, ocasionando a formação de espumas, mas nem toda vez acontece isso.

As colunas de espuma, segundo o CPRM, também podem ser formadas pela falta de oxigênio na água em função do igarapé que está raso, o que pode gerar excesso de bactérias, ocasionando a formação de espumas (Revista Cenarium/Ricardo Oliveira)

As imagens com as colunas de espuma foram encaminhadas ao pesquisador Sérgio Bringel, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) para analisar as causas do fenômeno.

O pesquisador já registrou essa situação na bacia do Tarumã em palestras, principalmente nos igarapés da Bolívia e do Passarinho, onde já houve mudança na composição da água e formação de espuma de origem química.

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