TCU desmente Pazuello e diz que aplicativo ‘TrateCov’ foi criado para prescrever cloroquina

General Eduardo Pazuello, em depoimento à CPI da Pandemia (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Com informações da coluna Chico Alves, do UOL

Análise feita por auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o aplicativo TrateCov, usado em Manaus para auxiliar na identificação de casos de Covid-19, não foi adulterado por hacker, como alegou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Pandemia. Na verdade, o TrateCov foi planejado para funcionar de modo a identificar associação de quaisquer dois sintomas como “Provável diagnóstico de Covid-19”.

A seguir, o dispositivo prescreve automaticamente o chamado tratamento precoce, que comprovadamente não tem eficácia para a doença. Ao ser criticado porque o aplicativo sugeria tratamento ineficaz para quase todos os sintomas relatados pelos usuários, Pazuello tentou justificar a distorção dizendo que houve “roubo dessa plataforma” e contou aos senadores que chegou a registrar o caso na polícia.

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“Foi hackeado por um cidadão. Tem uma investigação que chega nesse cidadão, ele foi descoberto, pegou o diagnóstico, alterou dados e colocou na rede pública”, afirmou Pazuello na CPI.

A análise dos especialistas do TCU, no entanto, informa que não houve adulteração e que “a indicação pelo usuário do TrateCov de quaisquer dois sintomas é suficiente para a aplicação web exibir o diagnóstico” de Covid-19.

Os auditores relatam que a informação de que alguém sente, por exemplo, “dor de cabeça” e “náuseas”, ou “lombalgia” e “dor em coluna toráxica”, ou ainda “dor de garganta” e “dor em membros inferiores”, era suficiente para ocorrer a sugestão de prescrição de medicamentos do medicamentos do “denominado tratamento precoce”.

Nesses casos, o TrateCov apresentava sempre sete medicamentos – Disfosfato de Cloroquina, Hidroxicloroquina, Ivermectina, Azitromicina, Doxiciclina, Sulfato de Zinco e Desametazona – e a posologia (dose e frequência de uso) sugerida é sempre a mesma para quatro das medicações – Disfosfato de Cloroquina, Hidroxicloroquina, Azitromicina e Doxiciclina.

“Enquanto a saúde de Manaus estava colapsando, com muitos pacientes precisando de oxigênio, por causa da segunda onda da Covid-19, a senhora Mayra Pinheiro (secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde) e o senhor Pazuello lançavam o TrateCov e transformaram o povo da capital do Amazaonas em objeto de experimento”, acusa o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Pandemia. “Isso é crime de lesa-humanidade, que deve ser levado a julgamento no Tribunal de Haia”. A análise do aplicativo foi solicitada ao TCU pelos integrantes da CPI da Pandemia.

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