‘Temos que enfrentar o capacitismo todos os dias’, diz mãe de três crianças autistas
02 de abril de 2024
Representação de rede apoio às pessoas com TEA (Reprodução/Adobe Stock)
Isabella Rabelo – Especial para Revista Cenarium
MANAUS (AM) – “Temos que enfrentar o capacitismo todos os dias”. O relato é da estudante universitária Ana Mar, de 26 anos, mãe de três crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que destaca, neste dia 2 de abril, data em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, os desafios do cotidiano com os filhos, que vão desde a falta de inclusão ao preconceito.
“Na infância, as crianças são muito cruéis. Às vezes por não entenderem o que está à sua volta, às vezes como um reflexo dos pais. Quando aparece uma criança com alguma característica diferente, é muito fácil virar alvo de bullying no ambiente escolar”, relata a mãe atípica, termo usado para mães que lidam com a criação de uma pessoa com deficiência.
Além de situações discriminatórias, os filhos de Ana Mar, que possuem 9, 6 e 4 anos, também enfrentam dificuldades no ambiente escolar e psicossocial. Segundo o Censo Escolar 2023, divulgado em fevereiro de 2024, há 636 mil alunos com autismo no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a prevalência do TEA é de, aproximadamente, 1 em 160 crianças em todo o mundo.
Criança brincando com quebra-cabeça, símbolo do autismo (Reprodução/Pixabay)
“Temos a falta de um plano educacional que de fato seja inclusivo. Temos a falta de apoio escolar, de centros terapêuticos, de uma equipe psicopedagógica. O maior desafio que eu tenho hoje é, com certeza, a luta para que os direitos dos meus filhos não fiquem só no papel”, reiterou a mãe.
Legislação
Além de alertar a sociedade, a data visa chamar a atenção dos governantes para que, por meio de leis e políticas públicas, o Estado possa apresentar soluções de acessibilidade e inclusão para as pessoas com TEA.
Uma das principais leis instituídas para atender pessoas autistas é a Lei Berenice Piana (12.764/12), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA e garante uma série de direitos como o acesso a diagnóstico precoce, tratamento multidisciplinar e inclusão social.
Crianças em ambiente escolar (Reprodução/Freepik)
Juntamente com as políticas públicas desenvolvidas pelo governo, no Brasil também existem instituições que apoiam e instruem pessoas autistas e também a rede de apoio.
Conscientização
No Estado do Acre, a Associação Família Azul atua há quase dez anos auxiliando famílias. Para a presidente da instituição, Eloneida Pereira, a principal arma contra a discriminação é o conhecimento.
“Nosso foco é, com certeza, a conscientização. Nós trabalhamos com palestras nas escolas, rodas de conversa, tentamos informar as famílias sobre os direitos que elas possuem. Isso é, com toda a certeza, a etapa mais importante de toda essa luta”, declarou.
A psicóloga Raquel Silva afirmou compartilhar da mesma visão. “O Dia de Conscientização do Autismo serve principalmente para trazer informação, para que a sociedade se relacione bem com a diversidade, trazendo assim inclusão e lutando contra a intolerância”, explicou a profissional.
Ação da Associação Família Azul, no Acre (Reprodução/Arquivo pessoal)
Silva também alerta para a importância de um diagnóstico e tratamento precoces, a fim de que as pessoas saibam lidar com o que é diferente, bem como desmistificar o transtorno para leigos. Segundo ela, a ação ainda ajuda a entender e identificar os sinais, até mesmo precoces, o que é essencial para que haja uma maior evolução e traga, cada vez mais, qualidade de vida para essas pessoas.
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