‘Tempo de conversão, purificação e renovação’, diz padre sobre o período da Quaresma que inicia nesta quarta-feira, 2

Priscila Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – O período de preparação para a chegada da Páscoa, (celebração voltada para a Ressurreição de Cristo) inicia nesta quarta-feira, 2. A intitulada Quaresma é tida para os católicos e para integrantes das igrejas ortodoxas, luteranas e anglicanas como uma temporada especial, que se estende por 40 dias, intensificando alguns sacrifícios, reflexões e orações.

Em conversa com a REVISTA CENARIUM, o padre Felipe Bauzière comenta sobre o sentido destes dias considerados por ele como tempo de conversão e purificação. Palavra originária do latim “quadragésima dies”, que significa quadragésimo dia, o padre salienta ser tempo de se voltar de coração a Deus, valorizando as práticas da partilha, oração e renúncias.

“Eu penso que isso está muito ligado a toda caminhada do povo de Deus, desde o Antigo Testamento. Lá, vemos que o povo vive quarenta anos, no deserto do Egito; saiu da escravidão, mas, na realidade, precisou de quarenta dias, um número muito simbólico. Tempo da conversão, purificação e renovação. Três palavras que eu julgo serem muito importantes, onde se compõem literalmente o povo de Deus.”, comenta o padre.

Renúncia, partilha e súplica

Em tempos pandêmicos e guerras que assolam o Leste Europeu e ameaçam toda a paz do mundo, o padre ressalta que o jejum e orações podem ser direcionados para uma mudança do cenário atual. Ele salienta a oportunidade de pôr em prática os preceitos contidos na quarentena religiosa.

“São nossas renúncias, em vista do amor, em vista da vitória do amor de Deus, da Páscoa, e da vitória sobre a morte. Em tempos de pandemia e de guerra, refletir e praticar partilha nos ajuda, justamente, a multiplicar a vida. Claro que somos seres humanos, somos limitados, fazemos o que podemos. Vem um desafio grande, agora, que é essa guerra totalmente terrível. Papa Francisco nos alerta sobre isso, muito bem; estamos em alerta mundial e a última palavra não pode ser a da morte, mas a de Cristo ressuscitado”, diz o padre.

Tradição e cinzas

Durante a Celebração da Quaresma, os sacerdotes das igrejas adotam a cor roxa para as vestimentas sagradas. A cor é usada por simbolizar, neste contexto, tempo de reflexão, penitência, conversão e sofrimento de morte.

Além das vestes em tons de roxo, os fiéis também são marcados com cinzas em forma de cruz, na testa, durante na missa. Anteriormente, o pó era jogado sobre a cabeça simbolizando o arrependimento pelos pecados. O ato também está ligado à passagem bíblica que afirma: “Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará” (Gênesis 3:19).

Outro costume respeitado por parte dos fiéis, nesta fase litúrgica, é o não consumo de carne vermelha, principalmente, na quarta-feira de cinzas, sexta-feira Santa e em todas as sextas-feiras inclusas no período da quarentena.

Conforme o padre, não comer carne é um ato de penitência e respeito à morte e derramamento do sangue de Cristo e também simboliza um afastamento dos prazeres do corpo. Acredita-se que a tradição tenha surgido na Idade Média, época em que religiosos jejuavam toda sexta-feira. Vale abdicar não somente da carne e do frango, mas também de outros alimentos em que apreciem em demasia.

Papa se manifesta

Nesta quarta-feira de Cinzas, o papa Francisco se manifestou alertando quanto à situação preocupante entre Rússia e Ucrânia e pediu orações. “Hoje, entramos no tempo da #Quaresma. Nossa oração e jejum serão uma súplica pela #paz na #Ucrânia, recordando que a paz no mundo inicia sempre com nossa conversão pessoal, no seguimento de Cristo”, escreveu o papa na rede social Twitter.

Campanha da Fraternidade

Na quarta-feira de Cinzas também ocorre a abertura oficial da Campanha da Fraternidade (CF) 2022 em todo o Brasil. Neste ano, o tema da campanha é “Fraternidade e Educação” e o lema é “Fala com sabedoria, ensina com amor”.

A programação religiosa deste ano tem como intuito promover um diálogo sobre a questão ensino-aprendizagem no País. Vale ressaltar que é a terceira vez que a Campanha da Fraternidade se volta para a temática da educação.