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Terras Indígenas do Pará estão no topo da lista de mais desmatadas no Brasil em 2021
Desmatamento entre os Estados do Amazonas e Rondônia (Fábio Nascimento/Greenpeace)
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19 de julho de 2022
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Estado do Pará lidera a lista das Terras Indígenas com maior área desmatada em 2021, no Brasil, de acordo com estudo divulgado nesta segunda-feira, 18, no Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas Alerta. O documento aponta que, pelo menos sete TIs com desmatamento acima de 400 hectares ficam localizadas no Pará e somam um total de 17.144,94 hectares desflorestados e 1.649 alertas.
Foram monitoradas 573 Terras Indígenas, no Brasil e, de acordo com a pesquisa, 232 delas tiveram, pelo menos, um evento de desmatamento no ano passado. A devastação em TIs representa 4,7% do total de alertas e 1,7% da área total desmatada no Brasil em 2021.
Das 25 TIs presentes na tabela, 11 tiveram desmatamento acima de 500 hectares no último ano (o que equivale a 2%). Entre os anos de 2019 e 2021, houve crescimento da degradação em todas as categorias fundiárias, exceto em Terras Indígenas (TIs).
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Para o ambientalista e geógrafo Carlos Durigan, os dados demonstram a importância da demarcação de terras e dos povos indígenas na preservação da Amazônia. “Certamente, as Terras Indígenas representam uma importante porção das áreas protegidas, no Brasil, que demonstram como o modo de viver e produzir, dos povos indígenas, podem nos inspirar na conservação e no uso sustentável de nossas florestas e biodiversidade”, diz.
A liderança do desmatamento, no Pará, corresponde a 24,31% da área devastada no País. Cinco dessas Terras indígenas estão no topo das mais desmatadas, sendo elas: Apyterewa, com 8.246,90 hectares (ha); Trincheira Bacajá com 2.620,95 ha; Cachoeira Seca com 2.034,19 (ha); Kayapó com 1.603,99 ha e Ituna/Itatá com 1.262,64 ha, todas localizadas no Pará.
O levantamento mostra em seguida o Estado do Amazonas, com 11,75% no ranking de desmatamento total, ultrapassando pela primeira vez – desde 2019 – Mato Grosso e Maranhão, tendo um aumento de 50% de área desmatada em 2021, no Estado, em comparação com 2020.
Apesar de não aparecer entre as 10 TIs mais desmatadas, o Amazonas possui as TIs: Menkragnoti com 503,07 hectares desmatados e 36 alertas; Tenharim Marmelos com 490,92 hectares destruídos e 11 alertas; Andirá-Marau com 347,43 hectares desmatados e 134 alertas; Yanomami com 307,40 hectares desmatados e 87 alertas; Jauary com 252,85 hectares desmatados e 9 alertas e Sissaíma com 227,52 hectares desmatados e 15 alertas de desmatamento.
Na Amazônia, representada pelos Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins, foram registrados, ao longo de 2021, 27.256 hectares desmatados e 3.151 alertas, sendo registrada a maior parte dos alertas e de área desmatada.
Ano passado, a média diária de desmatamento foi de 4.536 hectares – ou 189 hectares por hora no País, sendo a Amazônia o bioma mais afetado, com 111,6 hectares desmatados por hora ou 1,9 hectare por minuto, o que equivale a cerca de 18 árvores por segundo.
Esse dado trouxe um aumento de 19,5% na área média desmatada por dia, no País, em relação a 2020, em todos os biomas do Brasil: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
Entre os responsáveis pelo desmatamento, o relatório aponta que, nacionalmente, a agropecuária respondeu por quase 97% de todos os desmatamentos em 2021, no Brasil, entretanto, no Pará, houve grande concentração de alertas envolvendo o garimpo como maior vetor de devastação. Nas áreas próximas a grandes capitais, a pressão veio, principalmente, da expansão urbana.
“Mesmo assim, tem crescido a ameaça sobre os povos indígenas e seus territórios, invasões têm aumentado, proporcionalmente, ao crescimento de atividades ilegais em toda a região, principalmente, exploração ilegal de madeira e minérios, assim como grilagem de áreas, daí este cenário de conflito permanente em diversas dessas áreas”, pontua o especialista ao avaliar a consequente degradação ambiental.
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