Terras indígenas e grandes fazendas concentram mais da metade da área queimada


Por: Cenarium*

01 de outubro de 2024
Incêndios florestais de grandes dimensões atingem a floresta amazônica na Terra Indígena Kayapó, no Pará - Marizilda Cruppe/Greenpeace Brasil/Divulgação
Incêndios florestais de grandes dimensões atingem a floresta amazônica na Terra Indígena Kayapó, no Pará - Marizilda Cruppe/Greenpeace Brasil/Divulgação

SÃO PAULO – Mais da metade das terras que queimaram no Brasil de janeiro a agosto ficam em territórios indígenas e grandes propriedades rurais. Foram atingidos 5,9 milhões de hectares nessas áreas, enquanto no país como um todo queimaram 11,3 milhões de hectares. O levantamento consta em nota técnica elaborada pelo Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), divulgada nesta sexta-feira, 27.

Na comparação com o mesmo período de 2023, quando as chamas atingiram 5,2 milhões de hectares, a área afetada pelo fogo no Brasil mais do que dobrou.

A categoria que mais queimou foi a das terras indígenas, com mais de 3 milhões de hectares impactados pelo fogo. O número representa um salto em comparação com a média histórica dos últimos cinco anos, que ficou em torno de 1,7 milhão de hectares.

“Normalmente, as terras indígenas têm uma extensão queimada grande, porque são áreas grandes também. Mas neste ano houve um aumento de 81% de área queimada em relação ao ano passado”, diz Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam e uma das autoras do estudo.

Ela afirma que a explicação para isso passa por diferentes fatores, com destaque para a seca extrema, que deixa a paisagem mais inflamável num lugar que normalmente é muito mais remoto e difícil de se chegar para combater as chamas.

Também sabemos que as terras indígenas estão sendo pressionadas por várias frentes, como invasão de áreas e atividades ilícitas. Além disso, principalmente no cerrado, elas são rodeadas de propriedades e, às vezes, se essas propriedades também não controlam o fogo, esse fogo escapa e acaba entrando nessas áreas“, acrescenta.

Em menor grau, também há o uso tradicional do fogo feito pelos próprios povos indígenas (no roçado, por exemplo), que pode acabar saindo do controle devido às condições climáticas, cita a pesquisadora.

No caso das grandes propriedades, foram mais de 2,8 milhões de hectares atingidos pelas chamas até agosto. Recebem essa classificação imóveis rurais com mais de 15 módulos fiscais (cada módulo pode ter de 5 a 110 hectares, a depender do município). São classificados como imóveis rurais pequenos aqueles com até 4 módulos fiscais, e médios, os de 4 a 15 módulos.

Leia a matéria na íntegra neste link.

(*) Com informações da Folhapress

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